American Bank Note Company


A American Bank Note Company foi uma das maiores produtoras de dinheiro e selos nos Estados Unidos. Atualmente grava e imprime ações e certificatos de apólices. Sua sede se encontra em Fort Lee, New Jersey. 


ORIGENS 

Robert Scot, primeiro gravador oficial da jovem Casa da Moeda dos Estados Unidos, deu início a companhia que iria no fim crescer e se transformar na maior firma de gravuras de segurança e impressão, a American Bank Note Company.
Fundada em 1795 como Murray, Draper, Fairham & Company (de acordo com os três sócios de Scot), a companhia prosperou conforme a população dos Estados Unidos cresciam e instituições financeiras surgiam. Seus produtos incluiam certificados de apólices e ações de qualidade superior, moeda fiduciária para os milhares de bancos patrocinados pelo governo que existiam na nação, selos (de 1879 a 1894), e uma grande variedade de outros itens gravados e impressos. 


APÓS 1857

Após o pânico de 1857, sete dos impressores mais importantes de gravuras de segurança da nação se juntaram para formar a American Bank Note Company em 29 de Abril, de 1859. A nova companhia fundou sua sede em New York. Menos de dois anos mais tarde, um grupo de impressores de moeda fiduciária independentes que sobrou se juntaram, para fundar a National Bank Note Company.

Para estar próxima ao mercado de ações, firmas de brokeragem, e bancos na parte inferior de Manhattan, a ABN estabeceu sua sede de New York no Merchants Exchange Building, no número 55 de Wall Street. A companhia então mudou seu escritório e planta para 142 Broadway (esquina com Liberty Street) em 1867, posteriormente, em 1882, para 86 Trinity Place e de novo em 1908 para 70 Broad Street.

A primeira moeda fiduciária circulou sob ordens do Departamento do Tesouro Americano após o início da Guerra Civil. O Congresso autorizou $60.000.000 destas “notas em demanda” em 17 de Julho e 5 de Agosto de 1861. Sob contrato com o Governo, o novo dinheiro, chamado de greenback pelo público, foi produzido pela American Bank Note Co. e National Bank Note Co. Um total de 7.25 milhões de notas foram produzidas nos valores de $5, $10, e $20. Em uma nota histórica interessante, a ABN também estava produzindo cédulas para a Confederação ao mesmo tempo. 

Após a produção inicial de cédulas americanas por parte do Bureau of Engraving and Printing do governo, em 1862, a ABNCo procurou uma nova fonte de demanda para os seus serviços, e a acharam em terras estrangeiras. A companhia iria no fim suprir papéis de segurança e cédulas para 115 países diferentes. 

Em 1877, de acordo com uma Lei aprovada pelo Congresso, o Bureau of Engraving and Printing dos Estados Unidos se tornou o único produtor de toda a moeda fiduciária americana. A indústria de impressão de segurança, achando-se em uma situação delicada onde grande parte de seu trabalho tinha evaporado, em comum acordo estabeleceu uma segunda grande consolidação em 1879, quando a ABN incorporou a National Bank Note e a Continental Bank Note companies. Na época da união, a Continental tinha o contrato para a produção dos selos postais americanos, e esta produção continuou sob o controle da American Bank Note Company. 

Em 1887, a ABNCo ganhou o segundo contrato de quatro anos para gravar e imprimir notas postais para os correios americanos (a Homer Lee Bank Note Company de New York produziu estas notas durante o período do primeiro contrato). A ABN designou Thomas F. Morris, seu Chief Designer, com a tarefa de redesenhar estes protótipos de “money order”. O papel para este contrato (assim como para todas as Notas Postais e um número massivo de documentos oficiais americanos de alta segurança) era produzido por Crane and Co. de Dalton, Massachusetts.  

Em 1891 a American Bank Note Company começou a produzir uma nova forma de dinheiro para um novo cliente que se tornaria fixo: os “Travelers Cheque”, da American Express. Em seu primeiro ano, a American Express vendeu um valor de $9,120 de sua nova invenção. em 2000, as vendas de Travelers Cheques da American Express totalizaram $24.6 bilhões.
Em 1894, a ABNCo completou o contrato final para a impressão privada de selos americanos. Talvez seu selo mais popular tenha sido a impressão de 1 centavo a 5 dólares comemorando a Columbian Exposition de 1892 - 93 (para a qual eles imprimiram também os ingressos) em Chicago. em primeiro de Julho de 1894, a ABN  entregou sua inteira operação de impressão de selos para o U.S. Bureau of Engraving and Printing em Washington, D.C., onde os selos americanos foram impressos até a década de 90. 


À esquerda, anverso da cédula de 2 mil-réis da 9ª Estampa do Tesouro Nacional (1900-1920), impressa pela American Bank Note Company de Nova York. À direita, specimen da cédula de 20 dólares do Bank of Nova Scotia - Canada (1897) impressa pela American Bank Note Company de Nova York. No anverso a mesma efígie de “Zella”, gravura de Sukeichi Oyama, a partir de um retrato de autoria de Conrad Kiesel denominado “Saudade”.

SÉCULO XX

Em 1943-44, a ABN foi contratada pelo Bureau of Engraving and Printing dos Estados Unidos para produzir a série de selos Overrun Countries.


Cédula de 500 mil-réis da 10ª estampa do Tesouro Nacional impressa pela American Bank Note Company de Nova York.
Gravura do Barão do Rio Branco (1845-1912), gravado por Robert Savage (1868-1943) da American Bank Note Company (ABNCo.). Foi utilizada pela primeira vez na cédula de 5$000 réis de 1913. Créditos à Sterling Numismática.

AS PRIMEIRAS CÉDULAS DO BANCO DO BRASIL IMPRESSAS PELA 
AMERICAN BANK NOTE COMPANY

Em 1923 foi o Banco do Brasil novamente autorizado a emitir, seria a última vez e pelo breve período de apenas três anos. Foram emitidas cédulas impressas pela American Bank Note Company, nos valores de 1; 2; 5; 10; 20; 50; 100; 200; 500 mil-réis e 1 conto de réis, da 1ª estampa, todas emitidas em 1923. Em 1926 o Governo Federal assumiu as emissões do Banco do Brasil e criou a Caixa de Estabilização na tentativa de implementar uma reforma monetária, todavia sem êxito. Em 1930, em virtude da Revolução, o Banco do Brasil foi autorizado a fazer uma emissão de emergência. Surgem dessa necessidade, as cédulas da 2ª estampa, também impressas pela ABNCo.; os valores emitidos foram: 5; 10; 20 e 50 mil-réis. A ABNCo. imprimiu para o Banco do Brasil cerca de 108.750.000 cédulas, sendo 14 (catorze) estampas em 10 (dez) valores. Todas estas cédulas seguem um mesmo padrão. Contudo, o Banco do Brasil utilizou para as primeiras emissões, cédulas cedidas pelo Tesouro Nacional nos valores de 500$000 réis e 1 conto de réis, ambas da 1ª estampa impressas pela CMBRJ.

Specimen da cédula de 1 conto do réis da 1ª estampa (1923-1955), impressa pela ABNCo. para o Banco do Brasil. Efígie de D. Pedro I. No reverso, painel com quadro de Pedro Américo “Independência ou Morte” (O Grito do Ipiranga). Este mesmo tema retornou, mais tarde, na cédula de 200 cruzeiros de 1943.

Medalhões ovais, com as efígies de personagens históricos que ilustram o anverso das cédulas. Da esquerda para a direita, de cima para baixo: Campos Salles (1$000 réis de 1923), Prudente de Morais (2$000réis de 1923), Barão do Rio Branco (5$000 réis de 1923), Sampaio Vidal (10$000 de 1923), Artur Bernardes (20$000 de 1923), Deodoro da Fonseca (50$000 réis de 1923), Regente Feijó (100$000 réis de 1923), D. Pedro II (200$000 réis de 1923), José Bonifácio (500$000 de 1923), D. Pedro I (1.000$000 réis de 1923), Rodrigues Alves (10$000 réis de 1930) e o Marquês de Olinda (50$000 réis de 1930).
Figura: 1ª estampa do bilhete de 50$000 réis, do 4º Banco do Brasil, impresso pela American Bank Note Company. Na imagem escolhida para ilustrar o reverso, vê-se o prolongamento da Avenida Presidente Vargas, em direção à Rua Francisco Bicalho (também conhecida como “rua do canal do mangue”).
Figura: Reverso da 1ª estampa do bilhete de 50$000 réis, do 4º Banco do Brasil, impresso pela American Bank Note Company. No Rio de Janeiro, a área onde hoje existe o bairro da Cidade Nova, ao longo da Av. Presidente Vargas até a Praça 11 de Junho (antigo Rossio Pequeno), já foi conhecida como Mangue, porque o local era uma área pantanosa e alagadiça, em torno de uma pequena nesga de mar que vinha do “Saco de São Cristóvão”, área marítima também aterrada. Esta área da Cidade Nova ou do Canal do Mangue, também foi chamada por muito tempo de Aterrado, principalmente no século XIX. A área vizinha, do “saco ou enseada de São Cristóvão”, hoje toda aterrada, iniciava próximo de onde é hoje a junção da Av. Presidente Vargas com a Francisco Bicalho, passando pela Rodoviária Novo Rio, Bairro Santo Cristo, até chegar ao Porto do Rio, também construído sobre aterro na primeira década do Século XX. No ano de 1835, o Governo Imperial decidiu que aquela ampla superfície alagada deveria ser saneada, reduzindo à um estreito canal que pudesse receber as águas de chuva e também dos riachos que lá desaguavam. O plano somente se concretizou em 1857, quando o empresário Irineu Evangelista de Souza, que viria a ser titular do Império como Barão e Visconde de Mauá, conseguiu uma concessão para construir, sob regime de administração, o tão sonhado canal que deveria chegar até a Praça 11, permitindo inclusive navegação de pequenas balsas para transporte de mercadorias. As obras estiveram a cargo do engenheiro inglês Wilham Gilbert Gmty. O Canal do Mangue somente teve as obras completadas no ano de 1876, quando então foi feito o assentamento de gradil de ferro e arborização das vias marginais com plantação de 700 palmeiras vistas na imagem. Uma comporta junto à Ponte dos Marinheiros também foi inaugurada neste mesmo ano, provavelmente para evitar problemas com a maré alta.

AS CÉDULAS DA CAIXA DE ESTABILIZAÇÃO IMPRESSAS PELA ABNCO

A Caixa de Estabilização foi criada pelo Decreto nº 5.108, de 18 de Dezembro de 1926, com a finalidade de recolher ouro em barra ou amoedado (bem como os bilhetes conversíveis da Caixa de Conversão ainda circulantes), que era trocado por notas de igual valor ao metal entregue. Sua criação se deve ao presidente da República Washington Luiz, que nomeou Getúlio Vargas como ministro da Fazenda, para conduzir a reforma monetária proposta.

Foi uma tentativa do Governo de promover uma reforma monetária que possibilitasse a conversibilidade em ouro de todo o papel-moeda em circulação, viabilizando a criação de uma nova moeda, o Cruzeiro. Estabelecida em três fases, com a primeira constando da estabilização propriamente dita, a segunda da conversibilidade da moeda e, a última, a cunhagem do cruzeiro em moedas de ouro.

Para constituir a reserva de ouro inicial (o Brasil não possuía uma significativa reserva do metal), o país recorreu, em 1927, a dois empréstimos externos: o primeiro, na Inglaterra, com a família Rothschild (8 milhões de libras esterlinas) e o segundo, com os Estados Unidos (40 milhões de dólares), totalizando 30 milhões de libras esterlinas. A taxa de câmbio foi padronizada em seis dólares por mil-réis. O valor fixado para o cruzeiro foi o de dez mil réis.

As primeiras cédulas da Caixa de Estabilização foram aproveitadas do Thesouro Nacional, com um carimbo retangular com os dizeres “A Caixa de Estabilização pagará ao portador, à vista, no Rio de Janeiro, em ouro, conforme a Lei n.º 5108, de 18 de Dezembro de 1926 a quantia de __ $000 VALOR RECEBIDO EM OURO”, nos valores de 10, 20, 50, 100, 200 e 500 mil réis. Em 1927, a Caixa de Estabilização emitiu cédulas próprias (1ª estampa), impressas pela American Bank Note Company, nos valores de 10 mil, 20 mil, 50 mil, 100 mil, 200 mil, 500 mil e 1 conto de réis. 

Essas cédulas compartilham o mesmo desenho no anverso, uma efígie de mulher representando a República, obra do gravador Sukeichi Oyama, da ABNCo., com base na pintura de Paul Thumann’s – “The Fates”. Com a crise internacional de 1929, provocada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York, interrompe-se a entrada de capitais estrangeiros e, em decorrência disso, deixa de existir a possibilidade de se contrair novos empréstimos para renegociação das dívidas do governo e, também, para as reservas previstas no plano econômico de Washington Luiz. Vendo as suas reservas vazias e alguns movimentos de protestos, principalmente no Rio Grande do Sul, o governo sancionou os Decretos nr. 19.352, de 6 de Outubro de 1930 e nr. 19.375, de 20 de Outubro de 1930, o primeiro decretando o feriado bancário, com o consequente fechamento da Caixa de Estabilização, e o segundo, prorrogando o mesmo feriado bancário e passando ao Banco do Brasil a exclusividade nas operações de câmbio.

Com a vitória da Revolução de 1930 no final de Outubro – que levou Getúlio Vargas ao poder instituindo o Governo Provisório – e diante do insucesso da reforma monetária, a Caixa de Estabilização foi extinta em 1930 através do Decreto nr. 19.423 de 22 de Novembro do mesmo ano. As cédulas emitidas mantiveram seu valor até serem totalmente substituídas em 1951. Foram impressas cerca de 66.200.000 cédulas próprias para a Caixa de Estabilização e cerca de 700.000 aproveitadas do Thesouro Nacional. 

Figuras: Nos detalhes, sinais identificativos dos bilhetes da Caixa de Estabilização. À esquerda, o carimbo colocado nos bilhetes aproveitados do Thesouro Nacional. À direita, a efígie de mulher, usada nos bilhetes próprios da Caixa de Estabilização, em uma única estampa.

Em 1942, pouco antes do surgimento do Cruzeiro, existiam 62 (sessenta e duas) “cédulas” do padrão mil-réis, em circulação. Para dar início ao novo padrão que estava para ser lançado, foram aproveitadas oito cédulas do mil-réis, através da utilização da dupla superimpressão, aumentando para 70 (setenta) os tipos de cédulas em circulação.

Em 1943 e 1944 foram lançadas as novas cédulas do Cruzeiro (de aspecto e dimensões padronizados), em 10 estampas e 10 valores, impressas pela ABNCo., aumentando para 80 os tipos das cédulas em circulação. Em 1948 surge a cédula de 500 cruzeiros da 2ª estampa impressa pela Thomas de La Rue de Londres, seguida, em 1949, das cédulas de 50, 100, 200 e 1000 Cruzeiros. Dessa forma, em 1949, existiam 85 estampas em circulação no país.

Em 1950 três antigas cédulas do mil-réis saem de circulação, substituídas por três novas cédulas da 2ª estampa, permanecendo, portanto, o mesmo número de 85 estampas em circulação, o maior número registrado.

Em 1955, data em que todas as cédulas do mil-réis foram desmonetizadas, ainda existiam 18 estampas deste padrão, circulando em todo o território nacional.

Dessa forma, o Governo substituiu o padrão mil-réis, como era necessário, pelo Cruzeiro, deixando contudo, por mais de uma década, as antigas estampas em circulação.
Talvez seja esse o motivo (anos a fio em circulação) porque as cédulas do mil-réis são difíceis de se encontrar em bom estado de conservação.