Artefato em disco de metal - fichas e similares
Desde que publicamos a primeira edição do nosso Livro de Moedas do Brasil, estabelecemos um critério muito rígido para a inserção de novas moedas. Recebemos, continuamente, mensagens de numismatas, colecionadores e comerciantes nos solicitando a inserção de algo que consideram ser um “achado raro” ou coisa que o valha. Mais de 95% destas mensagens, as ignoramos, por sabermos que se tratam de peças adulteradas, já que as conhecemos por constarem em nossos arquivos. Em apenas uma ou outra ocasião, tivemos a nossa atenção despertada para o que poderia ser algo realmente raro, um achado, por assim dizer.
Nesse sentido, para nossa avaliação, adotamos um fluxograma de critérios, obedecendo fielmente as etapas de “expertizing”, estabelecidas em manual pela “Accademia Italiana” e pelas associações numismáticas européias reconhecidamente de interesse público, até a nossa conclusão final.
Nestes 5 anos em que temos publicado o nosso catálogo, apenas em três ocasiões (somente três) reconhecemos a raridade de “um novo achado” que foram devidamente incluídos a partir da terceira edição (o último consta da quinta edição, a ser publicada em Dezembro deste ano de 2016), conferindo legitimidade à peça que passou a fazer parte do conjunto numismático do Brasil.
Exemplares com reverso inclinado de 5 ou 10 graus, defeitos ‘‘fabricados’’, moedas raríssimas (pseudo-raridades) a preços baixos, etc, são as formas mais comuns usadas, principalmente na internet, em leilões não especializados, por pessoas que contam com a ingenuidade e falta de experiência dos colecionadores (em grande parte, os iniciantes) para vender algo que não corresponde à verdade ou ao conceito de exemplar de coleção.
Nosso compromisso principal é o de auxiliar o leitor/colecionador, colaborando para que o nobre e culto hobby de colecionar moedas seja sempre um motivo de satisfação e não algo que com o tempo possa desestimulá-lo.
Não inserimos novos exemplares em nossas publicações sem um minucioso exame “IN LOCO”, pesquisa e muita cautela. Obedecemos a um processo corporativo previsto em manual. Não basta nos mostrar a moeda e/ou foto, acreditando que iremos colocar em nosso catálogo o que alguém acredita ser uma nova moeda e/ou variante. Isso leva tempo, requer pesquisa e, principalmente, muita atenção e cautela, como já esclarecido anteriormente.
Nota: Perícias do Patrimônio Cultural - A Constituição Federal define o que é o patrimônio cultural, dessa forma, os bens examinados por essa área específica da perícia podem ser imóveis ou móveis, como edificações, peças (incluam-se aqui as peças numismáticas) e até mesmo sítios históricos ou arqueológicos. Entre os exames estão os que buscam apontar a autenticidade, a avaliação de danos e no caso de bens artísticos, a avaliação de mercado.
Tokens
A respeito dos tokens da Bromélia e do Leprosário Santa Teresa (vide imagens a seguir), temos recebido diversos e-mails perguntando sobre a inserção dessas fichas em nosso catálogo.
Nossa publicação (Livro das Moedas Brasileiras) diz respeito às MOEDAS batidas e/ou cunhadas no Brasil e/ou para o Brasil (moedas que entraram em circulação, moedas comemorativas, provas de cunho e ensaios monetários, estes últimos muito raros, pois há tempos cairam em desuso). O Livro Bentes de Moedas do Brasil NÃO trata fichas em seu conteúdo; não constam da nossa publicação (sequer tem lugar garantido, sem numeração, a exemplo das Macutas sem carimbo, estas sim, moedas por definição).
Com relação à polêmica em torno do token da Bromélia (já devida e exaustivamente investigada por nós, com emissão de certificado de perícia) concluímos tratar-se de um teste realizado pela CMB, por encomenda de indústria privada (terceirizada através de um estúdio localizado no Rio de Janeiro) para uso em “vending machines”.
Desconhecemos os motivos que levaram um ou mais funcionários da CMB, a abrirem os cunhos de anverso e de reverso desta ficha, usando “motivos do Real e efígie do Cruzeiro”, o que induziu as pessoas a acreditar que se trate de “moeda” ou “ensaio”. A verdade é que o assunto acabou virando um “tabu” dentro da própria Casa da Moeda, onde todos se recusam a falar a respeito.
Os comunicados finais que recebemos em nossas últimas correspondências, que nos foram passados por quem de direito, nos departamentos da prestigiosa instituição (privacidade: não citaremos nomes para não envolver as pessoas em mais polêmicas desnecessárias), foram os seguintes:
1. “...a sensação que tenho é que as pessoas que possivelmente saibam algo sobre isso, não querem falar sobre. Não sei porquê...
2. “... Sr. Fernando Bentes, da Bentes Edições Numismáticas, está necessitando de ajuda acerca de uma “peça” que vem causando polêmica no meio numismático, o “real” com a bromélia. Será que vocês do acervo poderiam ajuda lo ou talvez redirecionar para alquém que o possa?
3. “...Prezados Sr. Fernando Antunes e ............... Na Seção de Acervo Museológico não consta registro dessa peça.
Atenciosamente,
Engavetaram o projeto das “vending machines” e, consequentemente, as fichas não foram aprovadas. Meses depois, um funcionário credenciado, do estúdio encarregado de intermediar o projeto, apareceu - muito bem vestido, diga-se de passagem - numa numismática (não citaremos as fontes, por uma questão de privacidade solicitada pelas pessoas envolvidas) de um grande centro metropolitano no Brasil, oferecendo um inteiro conjunto de 6 (seis) dessas fichas por US$ 5.000,00. Diante da negativa do proprietário em adquiri-las, desconhecemos o destino dado a esse material.
Certificado de perícia técnica
Nosso único compromisso é com a verdade e autenticidade. Atuamos com a mesma filosofia de quem publica um catálogo “raisonné”. Devemos ser muito, muito cautelosos e criteriosos no nosso julgamento, pois se inserirmos uma determinada peça em nosso catálogo, estamos atestando que a consideramos autêntica - nosso perito é autorizado, pelo Tribunal italiano, a emitir certificados de autenticidade, e isso é muito sério - e que a nossa conclusão se deve a um julgamento imparcial e muito profissional, estabelecendo e cumprindo, fiel e rigorosamente, as diversas etapas de investigação.
Texto que consta do nosso certificado de perícia técnica
Assunto: Perícia
Objeto: Disco bi-metálico impresso em duas faces, exibidas nas imagens abaixo, tendo no anverso a efígie da República, criação de Benedito de Araújo Ribeiro para as moedas do Cruzeiro e o dístico Brasil limitado por estrela e rosácea. No reverso, em tamanho grande, o número “1” em algarismo hindu-arábico, encimando o dístico REAL; a data 1997 aposta no anel, tendo como fundo para o conjunto, o desenho estilizado de uma planta reconhecida como sendo de uma bromélia.
Nossa conclusão: Após exame detalhado e minucioso, e após haver cumprido todas as etapas de investigação de documentos supostamente existentes na CMB (Casa da Moeda do Brasil) e/ou no Banco Central do Brasil, na qualidade de peritos numismáticos certificados, é nossa opinião que o objeto em questão não é ensaio monetário, moeda corrente ou prova de cunho, sendo classificada como ficha metálica, desta forma não fazendo parte do acervo numismático do Brasil.
Nota 1: O original contém duas assinaturas e as estampilhas (marca da bollo) exigidas para arquivamento de documentos em Biblioteca Nacional. Taxas e serviços recolhidos de acordo com a legislação em vigor.
Nota 2: A nossa conclusão se baseia em um processo standard, acadêmico, seguido rigorosamente. Todavia, isso não exclui a possibilidade de uma reavaliação, caso a CMB resolva emitir documento oficial (não uma mensagem sem timbro, sem identificação de quem a emitiu ou texto-resposta enviado por e-mail ou entrevista onde nada é esclarecido como se deve, muito menos comprovado), timbrado e assinado por dois responsáveis pela emissão de documentos oficiais desta prestigiosa instituição, declarando oficialmente que essa “peça” foi realizada como ensaio monetário para todos os fins de direito. Somente nesse caso, estaríamos dispostos a reconsiderar nosso parecer.
Nota 3: Com base no exposto, em se tratando de ficha sem valor numismático, este artefato não é por nós considerado moeda ou ensaio, consequentemente não constando do nosso catálogo.
Considerações à parte
Tem sido publicado em alguns blogs, um texto relativo ao que seria uma "entrevista" extra-oficial, realizada com uma funcionária da CMB, cujo teor, da forma como tivemos acesso, iremos postar e comentar, a seguir:
Nota: Nomes foram omitidos por uma questão de privacidade, a qual respeitamos e obedecemos por determinação legal.
Pergunta 1: Como surgiu a idéia dessa “moeda” da bromélia?
Resp: Essas peças foram confeccionadas exclusivamente para testes, já com as características de material das moedas que seriam lançadas. Ela foi feita para testar ajustes e melhorias para aumento de ductibilidade. Não usamos as matrizes da moeda de 1 real que seria válida, exatamente para não corrermos o risco de criarmos uma raridade. Não imaginávamos o sucesso que essa peça-teste faria, pois era para ter sido devolvida à CMB, para descaracterização.
Nosso comentário: A ductilidade é uma das diversas propriedades mecânicas dos metais que lhe confere a qualidade de suportar a maleabilidade a ponto de se deformar sem se romper. É a capacidade de ser deformado, esticado e dobrado, sem rachar e sem perder sua resistência.
É a propriedade que representa o grau de deformação que um material suporta até o momento de sua fratura ou ruptura. Materiais que suportam pouca ou nenhuma deformação no processo de ensaio de tração são considerados materiais frágeis. Quando, por exemplo, um plástico é rasgado ao meio, esse processo entre esticá-lo até rasga-lo é chamado de ductibilidade.
Em metalurgia, a ductilidade é a propriedade que apresentam alguns metais e ligas metálicas quando submetidos à ação de uma força, podendo estirar-se sem se romper, transformando-se num fio. Os metais que apresentam esta propriedade são denominados dúcteis.
Além da ductilidade, os metais apresentam também a propriedade mecânica da tenacidade, ou seja, a resistência que possuem quando são submetidos à força de tração, podendo levar da deformação à ruptura. É a quantidade de energia que um material pode absorver antes de romper-se.
É tudo muito vago na resposta. Em nenhum momento é dito, com clareza, que se trata de um ensaio para as moedas do Real. É evidente a contradição no trecho onde se lê “...não usamos as matrizes da moeda de 1 real que seria válida, exatamente para não corrermos o risco de criarmos uma raridade...”. Ora, a peça apresenta justamente, o valor facial “1 Real”, o que já abre um precedente diverso (contraditório) do que é declarado. Além disso, o teste de ductilidade é aplicado nos discos, não havendo a necessidade de se desenhar anverso e reverso. Esse teste é realizado no disco e não na ficha, moeda ou medalha. A CMB não fabrica estes discos que são fornecidos por terceiros. O teste de ductilidade deve ser realizado na própria empresa fornecedora do material (disco) e não pela CMB que deve apenas dar instruções técnicas do material que deverá ser fornecido para a cunhagem das peças. Além de tudo, não faz sentido produzir uma peça, com anverso e reverso definidos, para processar testes do grau de deformação suportado pelo material até o momento da sua fratura. Mesmo porque, não se percebe, em nenhuma das peças examinadas, o mais leve sinal de aplicação de cargas (força) que envolvem os testes de ductilidade.
Estes testes são elaborados no metal e não no produto final. Não haveria sentido em se fabricar o produto para, em seguida, realizar testes de ductilidade. O processo é inverso. Primeiro são realizados os testes de ductilidade. Quando o material é aprovado, se parte para a confecção do produto.
No trecho onde se lê: "...não imaginávamos o sucesso que essa peça-teste faria, pois era para ter sido devolvida à CMB, para descaracterização...”
Como assim, devolvidos? Devolvidos por quem? Quem encomendou estas peças? Se o objetivo era apenas de realizar testes de ductilidade para as moedas do Real, por que, e a quem, foram enviadas, e com que propósito, já que o objetivo deveria ser o de realizar testes internamente?
Pergunta 2: Como você ficou sabendo do vazamento?
Resp: Encaminhamos algumas peças para apreciação e testes, e o trabalho seguiu adiante. Houve um momento, anos após as remessas, que a moeda teste surgiu em publicações especializadas. Muitos colecionadores, ao mesmo tempo em que queriam saber tudo a seu respeito, fantasiaram histórias sobre a criação dela. Mas a verdade é que foi um teste para otimização do nosso processo fabril.
Nosso comentário: No trecho onde se lê “...encaminhamos algumas peças para apreciação e testes, e o trabalho seguiu adiante...”. Encaminharam? Quem e, principalmente, para quem? Se era apenas um teste de ductilidade, onde estão as marcas da aplicação de cargas? Por que essas marcas não são minimamente notadas nas peças examinadas? Quais são as publicações especializadas citadas na resposta e do que trata a matéria abordada por elas ?
Como assim “...teste para otimização do nosso processo fabril...(sic)”? A peça além de apresentar defeitos de ajuste do disco, deixa claro que o processo foi realizado por mãos não muito habilidosas, o contrário das peças produzidas pela CMB. Existem defeitos grosseiros na data, no ajuste do disco, no desenho tosco e sem harmonia (coisa primária) e na escolha dos motivos, evidenciando que não havia qualquer interesse em se produzir moeda para circulação. E sendo apenas um teste de ductilidade, bastaria o disco que deveria trazer marcas de aplicação de cargas.
Pergunta 3: E por que foi datada em 1997?
Resp: A concepção artística e técnica de uma nova série de moedas de circulação se dá muito tempo antes de sua emissão e distribuição. São muitos os estudos e testes para garantir a melhor performance nas máquinas de industrialização. É o tipo de produto que precisa responder bem aos quesitos de altíssima e acelerada produção.
Nosso comentário: No trecho onde se lê “...são muitos os estudos e testes para garantir a melhor performance nas máquinas de industrialização...”.
Performance nas máquinas de industrialização? Se estamos falando de um produto finalizado, o que significa usar o produto final em máquinas de industrialização? Quais máquinas de industrialização? Se a referência diz respéito às máquinas usadas na cunhagem, onde foi parar o cunho de teste e por que não consta nenhum registro dessa peça na Seção de Acervo Museológico da CMB?
Pergunta 4: E por que não se usou nesses testes o mesmo desenho das moedas que seriam lançadas?
Resp: Uma moeda é um produto de alta segurança, e nem todos os testes ocorrem em ambiente “oficial”. Por isso, a melhor maneira é não contar com a arte válida, mas sim com uma que simule perfeitamente os volumes da gravura original. Esse foi o caso da bromélia. Não podíamos arriscar o vazamento do layout artístico da moeda. E, visto que essas peças teste vazaram misteriosamente, fica implicitamente reforçada essa orientação.
Nosso comentário: Testes em ambientes "não oficiais"? Onde? Relizados por quem? Testes encomendados por uma empresa pública em ambientes “não oficiais”, sem licitação, sem publicação em Diário Oficial?
“Vazamento do layout artístico da moeda”? As peças são entregues a pessoas ou empresa não citada, fora da CMB, contendo um valor facial (1 Real), saindo de dentro da Casa da Moeda, submetida a testes em ambientes “não oficiais”, sem licitação, sem publicação em DOU, e diante de todo esse processo confuso, fala-se em “risco de vazamento do layout artístico”?
Pergunta 5: Essa moeda seria então utilizada para testes de material em geral, não somente para vending machines?
Resp: A peça da bromélia foi criada para amplos testes que serviriam para definições de especificações do produto “moeda de circulação bimetálica, taxa de 1 real”. Teste em vending machines é apenas mais uma entre tantas características para quais a moeda deve estar apta.
Nosso comentário: Não há a necessidade de esclarecimentos. Tanto a pergunta, quanto a resposta, deixam claro e transparente o que já cansamos de repetir a respeito destas fichas.
Pergunta 6: E por que escolheu o desenho da bromélia?
Resp: O uso de figuras históricas poderia suscitar elucubrações várias sobre tendências políticas, mesmo sendo uma peça teste. Se vazasse, o que acabou acontecendo, poderia haver questionamento do tipo: Por que um homem? Por que um militar? Por que um artista? Um músico de esquerda? Um esportista? Com tanto cientista importante, por que esse? Como era um simples teste, não valeria a pena se preocupar com essas coisas. A bromélia já nasceu politicamente correta. Afinal, quem é contra as bromélias?
Nosso comentário: “...elucubrações várias sobre tendências políticas (sic)...?” Elaboram-se peças, que, presumivelmente, saíram da CMB e foram entregues a quem não se sabe e não são devolvidas por quem não se sabe. As peças são realizadas, segundo o que se afirma na "entrevista", para testes de ductilidade de metal em ambiente “não oficial” (???), sob a batuta da CMB que é uma empresa pública, sem licitação, sem documentação, sem esclarecimentos, sem publicação em Diário Oficial e sem alguém que assuma a responsabilidade pelo ocorrido?
A "entrevista" termina como se segue:
Pergunta: E a efígie da República? Ela já havia sido usada em moedas dos anos 1970. Qual o motivo de usá-la novamente?
Resp: Essa efígie era unanimidade entre todos os artistas da época como a mais bela de todas. A obra é do gravador numismata Mestre Benedicto Ribeiro, admirado por toda equipe. O perfil que inspirou ele foi o da jovem e belíssima atriz Tonia Carrero.
Concluindo:
1. Em nenhum momento duvidamos da honestidade e idoneidade das pessoas, mantendo, como ordena a Lei da Privacidade, o seu anonimato.
2. A CMB realiza diversos trabalhos sob comissão. O token "bromélia" pode ter sido realizado dentro da Casa da Moeda, mas isso não significa que seja moeda ou ensaio de moeda. Nada justifica que, por ter sido realizada dentro da CMB, que esta peça seja tratada como moeda, como ensaio ou como objeto da coleção numismática brasileira.
3. Entre as nossas atividades, atuamos como profissionais da numismática. Nossas conclusões, declarações e afirmações se baseiam em comprovação e, principalmente, na pesquisa documental, obedecendo as etapas acadêmicas previstas em manual. É assim que deve ser feito, pois do contrário a numismática deixaria de ser uma ciência. Destarte, caso alguém nos apresente documentos comprobatórios que nos obriguem a rever o que concluímos até agora a respeito do token "bromélia", essa peça continua a ser considerada uma ficha, podendo ser elencada em um catálogo de tokens, mas não de moedas.
A imagem a seguir, é auto-explicativa. A ficha de cima, a possuímos em nosso acervo há mais ou menos 18 anos (acreditamos que existam mais duas iguais, mas podem ser várias...não temos esses dados). A da imagem abaixo, todos conhecem.
Por uma questão de ética, privacidade e por decisão corporativa que nos impede de divulgar qualquer comentário que possa denegrir a imagem de quem quer que seja (pessoa física ou jurídica), apagamos o nome do gravador.
Com relação à imagem (a seguir) de um "documento" (seria, segundo alegam alguns, um comunicado da CMB) que circula pelo Facebook, temos motivos de sobra para acreditar que tenha sido encomendado (ou fabricado) por alguém com intenção de vender esse artefato a um alto funcionário público, hoje em pensão e que chegou a cortar amizade conosco, depois que expedimos o nosso certificado, não conferindo autenticidade a este token (a pessoa queria, por força, que nós incluíssemos a ficha bromélia em nosso Catálogo de Moedas, o que não faz o menor sentido). Não preciso dizer que, diferentemente do que acontece na Europa e nos EUA, no Brasil, tudo é possível.
"Documento" que segundo alguns afirmam seria um comunicado da CMB) que circula pelo Facebook |
Temos dois peritos certificados por tribunal europeu, sendo um em moedas brasileiras. Para se obter um certificado como esse, deve-se submeter a diversos testes de materiais, de química, de incisão, procedimentos de cunhagem e de prova que realmente conhece sobre o tema. Além disso, um dos nossos peritos, autor do nosso Catálogo de Moedas, atualmente se encontra no segundo ano de formação da Casa da Moeda de Roma, única no mundo a formar artistas, medalheiros, incisores, abridores e gravadores.
A Bentes é a única empresa que tem um perito em moedas brasileiras. O que um perito diz, é considerado a verdade, por força de Lei, pois tem fé publica. Nosso certificado tem validade em todo o mundo e nosso perito, depois de examinar atentamente a “ficha com valor 1 real inciso”, concluiu se tratar de um falso.
Durante todo processo de perícia, procuramos manter contato com a Casa da Moeda, desde os gravadores até a diretoria da CMB e do museu da Casa da Moeda que sempre nos atende por saber da seriedade do nosso trabalho.
Não temos motivos para mentir, embrulhar ou enganar, principalmente porque não comercializamos moedas no Brasil e hoje, nem mesmo editamos mais nossos catálogos no país.
Á exceção de nomes que não citamos por uma questão de ética profissional, tudo está bem resumido e explicado nesse artigo, em nosso blog, cujo link deixamos aqui. Nada ali deixa margem à dupla interpretação, equívocos ou dúvidas.
Querer contrastar tudo o que escrevemos e fizemos, postando duas ou três linhas de um suposto comunicado da CMB, sem nome, sem perícia, sem assinatura, sem timbro, acompanhado de um protocolo que não se pode examinar e nem conferir, não é o que eu chamaria de argumento válido.
TEMPOS ESTRANHOS - Por mais estranho e bizarro que tudo isso possa parecer, no mesmo boletim de uma prestigiosa Sociedade Numismática, que tentou dar legitimidade a este token da bromélia, foi publicado um artigo tratando as moedas obsidionais holandesas (florins da GWC) como sendo meras fichas sem valor numismático.
PERSONAGENS DE UMA FICÇÃO BEM ENGENDRADA
Durante a perícia, conhecemos as pessoas do escritório que intermediou a negociação da fábrica de vending machines com a CMB, conhecemos o funcionário que pegou o conjunto - depois de ter sido recusado e o projeto abandonado - de dentro de uma gaveta do escritório de representação comercial e o ofereceu a um comerciante estabelecido no Rio de Janeiro, que se negou a pagar o que foi pedido. Finalmente, o inteiro conjunto foi adquirido por um conhecido comerciante de Minas Gerais que o vendeu como sendo raridade, a um incauto,.
Contudo, como eu já esclareci anteriormente, nossa ética profissional não nos permite divulgar nomes, mesmo porque, caso o fizéssemos, agindo como dalatores, alcoviteiros, as pessoas perderiam a confiança em nosso trabalho e não nos diriam mais, em segredo, o que sabem.
Recebemos diversos e-mails, pedindo para que inseríssemos esse token em nosso catálogo, para dar legitimidade a esta ficha, o que não concordamos. Já tivemos diversos aborrecimentos com comerciantes, colecionadores e diretores de sociedades, jsutamente por não concordarmos em inserir peças não autênticas em nosso livro de moedas. Um desses diretores simplesmente cortou qualquer contato conosco, proque nos recusamos em colocar as moedas falsas de X, XX, XXX e de XXXX Soldos, supostamente de emergências e supostamente batidas durante o cerco às tropas holandesas, no Recife. Estas moedas foram fabricadas por um ourives, no Beco dos Barbeiros, na década de 30, no Rio de Janeiro e temos como provar.
Com relação a uma entrevista feita com uma certa funcionária da CMB (sempre procurando manter em sigilo o nome das pessoas), tivemos acesso ao inteiro teor do texto publicado em artigos, no boletim de uma sociedade numismática que publicou um artigo onde afirmam que as obsidionais holandesas sao fichas, e no Facebook. Os nossos comentários a respeito, constam do artigo em nosso blog, cujo link foi postado acima. Quem quiser ler, fique à vontade. Não temos nada a esconder, apenas manter no anonimato as pessoas que colaboram com a Bentes. Não temos nem mesmo motivos para avaliar peçs para mais ou para menos ou legitimizar falsos para obter lucro fácil de incautos. Primeiro porque não comercializamos moedas no Brasil, segundo porque sendo uma empresa européia certificada e com peritos, temos muito a perder, caso declarássemos um falso. Encerramos aqui os nossos comentários.
FIM