Moedas da luxúria e do prazer


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O Lupanar (do latim Lupa = prostituta), foi, durante todo o período da Antiga Roma, o local destinado ao mercenarismo do prazer sexual, ou seja prostíbulos ou bordéis onde homens e mulheres obtinham sexo a pagamento. Muitos destes locais ainda são perfeitamente conservados nas ruínas de Pompéia. Restos de prostíbulos também podem ser encontrados em Forio, na ilha mediterrânea de Ischia, no sul da Itália, onde Tibério possuía uma Vila residencial que hospedou Calígula por um certo período, antes de ser aclamado imperador.

Os Lupanares de Pompéia

Em Pompéia, nos edifícios VII, 12, 18, podem ser observados os traços de dois proprietários, Africano e Vittore que, antes da da destruição total da cidade, occorida em 24 de agosto de 79 a.C., a causa da erupção do Vesúvio, gerenciavam um bordel florido e um dos mais frequentados entre os vinte e cinco existentes na cidade, situados sobretudo nos cruzamentos com vias secundárias.
Relevante o número de bordéis em Pompéia, uam cidade com população entre 8.000 e 10.000 habitantes, principalmente se comparada à Roma, muito mais populosa, e que contava com 45 prostíbulos. Obviamente tratamos aqui os registrados como bordéis e não os clandestinos, resgistrados como “osterias” (locais onde eram servidos pão, vinho, azeite e refeições ligeiras). Estes locais de prostituição também eram abundantes nas periferias e na campania, onde o sexo a pagamento era praticado em dependências escondidas nos fundos das osterias.

Interior de um lupanare em Pompéia, com afrescos mostrando diversas cenas de sexo
A maior parte dos bordéis eram constituídos de uma simples câmara nos fundos de uma locanda, em geral frequentado pela plebe que se aproveitava do baixo custo cobrado pelas prestações sexuais. O espaço era desfrutado ao máximo, geralmente tendo um leito em alvenaria sobre o qual era colocado um robusto colchão de palha revestido de tecido. Na maior parte, o ambiente era pouco higiênico, com as paredes escuras devido ao constante uso das lanternas. Nas paredes ainda se podem observar as marcas dos pés e calçados dos clientes que frequentavam esses locais.
As pinturas murais e afrescos, eram o único ornamento da câmara, na maior parte das vezes fazendo referência à prestação sexual oferecida pela prostituta (sexo normal, oral, sodomia, etc). O mesmo tipo de decoração poderia também estar estampado na porta dos aposentos destinados à prestação sexual a pagamento. Em outros, apenas uma tenda separava a câmara da estrada o que, em diversas oportunidades, permitia ao transeunte ver o que se passava ao interno da câmara.

Hoje, com os canais de comunicação tão avançados, à disposição de um clique graças à tecnologia e à internet, não é mais novidade saber que no mundo antigo, o sexo não era coberto de tabus como antes se imaginava.

Nos contam os afrescos e estatuetas encontradas nos “lupanari romani” ou na prosa e nos mais lindos e refinados versos e nas estrofes de autores da antiguidade. Ovídio que legou à posteridade a “Ars Amatoria” e “Amores”, obras em que eram narradas as alegrias e tristezas do amor.
Ao que tudo indica, os romanos eram “mestres” no mercado da prostituição na antiguidade. Transformar o sexo em um lucrativo negócio remonta a um passado distante, época em que a prestação de serviços sexuais era considerada atividade comercial como qualquer outra, sujeita a impostos, constituindo-se em receita substancial no orçamento do império.

Entre os documentos que testemunham a atividade da prostituição, como sendo um comércio comume lucrativo, de interesse do Estado, encontram-se algumas moedas, romanas e gregas, mas não somente, onde imagens de prestações sexuais, da felação ao coito explícito, incluindo a sodomia, eram impressas numa de suas faces, sem que isso fosse motivo de escândalo ou espanto. O pudor com relação ao sexo, naquela época, não contava com a conotação de hoje, com pessoas que ainda ruborizam à simples menção da palavra sexo, tempos em que uma simples “piscadela” pode ser interpertada como uma cantada ou mesmo como assédio.

A figura à esquerda nos mostra um destes documentos, uma “spintria” (nome dado às moedas no pagamento de serviços sexuais). Encontrada em escavações na Grã-Bretanha por Regis Cursan, um “chef” de pastelaria, com 37 anos na ocasião, que trabalhava às margens do Tâmisa. Datada ao tempo de Tibério, era em geral usada no pagamento de prestações sexuais de prostitutas que trabalhavam nos lupanares da antiga Pompéia ou que seguiam as tropas romanas até os confins do império, sabedoras que eram da necessidade dos romanos em ter seus apetites sexuais satisfeitos. Sabe-se através de documentos encontrados na Biblioteca Vaticana, que as prostitutas seguiam as legiões romanas por saberem que eram muito mais bem pagas do que nos lupanares. Existiam também as escravas que, mesmo a contra-gosto, eram obrigadas a seguir seus prorietários, para satisfazer sua "sede" de sexo nas horas de descanso entre uma e outra batalha.

Mas não somente para a prestação de serviços sexuais eram usadas as spintrias” como pensam alguns numismatas, pois era moeda sonante, aceita como pagamento, apesar de cunhada em pouca quantidade e destinadas a um escopo específico. Essa “spintria” nos dá uma noção de como o sexo era tido e tratado naquela época, sem tabus, sem preconceitos e destituídos da moralidade que hoje nos cerca. O entendimento de moeda, naquela época era bem diferente do nosso conceito atual que se resume na confiança (do italiano fiducia) que as pessoas têm da atual moeda, dita fiduciária. A moeda valia o quanto pesava, sendo aceita fosse por hábito ou simplesmente por seu valor intrínseco.

Curiosamente, no entanto, é o testemunho de uma arqueóloga inglesa, Caroline Mc Donald: “Por trás dessa descoberta tomamos conhecimento de uma das histórias tristes da humaniadde, que ainda hoje testemunhamos. Certamente nos bordéis trabalhavam escravas estrangeiras, as mesmas que podemos contar às dúzias ao longo das estradas e vias das nossas cidades modernas “.

“Na época da descoberta - comentou Cursan - eu pensei que era uma moeda romana como muitas outras. Mais tarde eles me explicaram o que era e eu fiquei muito empolgado “.

Spintria grega
De um lado, temos a representação de um casal hétero (não só as relações heterossexuais, mas também o homossexualismo também era muito difuso na antiguidade) em cópula, enquanto a outra face mostra o número XIIII que, de acordo com estudiosos, seria o custo da prestação do serviço, um preço muito acessível para a “bolsa” dos romanos, haaj vista que com a mesam moeda se poderia comprar sete pães ou pagar a jornada de um trabalhador.

Bem foi mais cauteloso é Roger Wilson, Professor de Arqueologia Romana, da Universidade de Colúmbia britânica. O professor ienterpreta a moeda como uma simples peça de um jogo de tabuleiro em que descritas cenas de amor. Afirma que o número XIIII pode estar relacionado com a “posição” ilustrada em uma era hipotética Kamasutra Romana. Até o mopmento, pelo que sabemos, o objeto da descoberta encontra-se no Museu de Londres, depois de ter ficado soterrada por dois mil anos na lama, ao contrário do que muitas vezes acontece na Itália, onde estes achados são relativamente comuns. A primeiro espíntria encontrada na Inglaterra ainda se encontra sob os refletores da Arqueologia, pois é prova incontestável de que nas legiões não eram compostas só de centuriões, tribunos e soldados, mas que contava com a normalidade do hábito humano, incluindo o ardente desejo sexual.