Análise de Mercado cédula de CR$ 50.000 (baiana)

Antes de iniciar, convém esclarecer que nossa análise é totalmente imparcial, haja vista que somos uma editora, que nosso interesse comercial no país, diz respeito apenas à edição de livros e catálogos de numismática, filatelia e arte e que não comercializarmos moedas e/ou cédulas no Brasil, o que nos coloca em uma posição bastante confortável para opinar.

Em segundo lugar, convém recordar que, em hipótese alguma pretendemos ditar regras de conduta a quem quer que seja, vendedor ou comprador, já que entendemos perfeitamente que o proprietário vende pelo preço que quiser e que "compra quem quer", obviamente. 

Nossas conclusões a respeito do valor de mercado da cédula conhecida entre os numismatas com o apelido de “baiana” são apenas uma orientação, principalmente aos iniciantes e incautos que, movidos pelo desejo de possuí-la, e induzidos por especuladores vorazes, não se dão conta de que estão sendo extorquidos em sua boa fé, acreditando que o preço pago seja justamente aquele que essa cédula vale. A alta especulação que temos presenciado no mercado numismático brasileiro — em grande parte alavancada no Facebook, por quem pouco ou nada conhece da ciência numismática — em relação às peças comuns, muitas delas cunhadas ou impressas em grande quantidade, nos motivou a fazer um teste de mercado com um destes objetos (a cédula conhecida como baiana), alvo da especulação de quem conta com a inexperiência de alguns, principalmente a dos neófitos.

Recordamos, também, que os nossos catálogos e listas de preços são fruto da nossa avaliação imparcial, tudo feito com base no nosso extenso database, e através de fórmulas que desenvolvemos, onde são inseridas diversas variáveis que não convém explicar, pois dizem respeito à matemática financeira o que não é matéria dominada pela maioria.
Não temos interesse algum em valorar as peças numismáticas com base no nosso estoque (preço alto para o que se tem em grande quantidade e preço baixo para o que tem estoque baixo, para poder comprar barato), haja vista não comercializarmos moedas ou cédulas no país, o que foi decidido corporativamente, já que entedemos que seria mais honesto e confiável da nossa parte, não vender aquilo que apreçamos.

Vamos ao que interessa:

ANÁLISE DE MERCADO
OBJETO: CÉDULA DE 50.000 CRUZEIROS REAIS (Bentes — 2ª edição, tipo 604).

Fabricante: Casa da Moeda do Brasil. Período de Circulação: De 30/03/94 a 15/09/94. / Ministro da Fazenda: Fernando Henrique Cardoso / Presidente do Banco Central: Pedro Sampaio Malan. / Estampa A, séries A0001 a A1200, sem reposição. 
Tiragem: 1200 x 100.000 = 120.000.000 de cédulas


Anverso: Policromia, em calcografia e offset. Efígie de “baiana”, com torço e colares, tendo a esquerda painel onde figuram alguns de seus mais importantes balagandãs, com diversos significados: romã e cacho de uvas (fecundidade); figa de madeira e dentes de animais (proteção); caju (abundância); peixe, cordeiro e pombas do Espírito Santo (elementos resultantes do sincretismo com o catolicismo). À esquerda, acima, o dístico BANCO CENTRAL DO BRASIL. Numeração, abaixo e acima, à direita e à esquerda, respectivamente. Valor nominal 50.000 e por extenso CINQUENTA MIL CRUZEIROS, encimado pelo dístico DEUS SEJA LOUVADO. Na margem extrema esquerda CASA DA MOEDA DO BRASIL, com logotipo.


Reverso: Policromia, em calcografia e offset. Cena de baiana, trajada com o requinte dos dias de grande festa, com o clássico tabuleiro, preparando o acarajé. Ao fundo vê-se perspectiva da Igreja do Bonfim, em Salvador, cenário de uma das mais famosas festas do sincretismo religiosos brasileiro: a Lavagem do Bonfim.

1. Preços praticados no Mercado Livre, ao público em geral, em sua maioria de leigos e iniciantes, em sites de numismáticas e no comércio ao detalhe:

1a) Entre R$ 700,00 e R$ 900,00 reais para as céduals em estado Flor de Estampa
1b) Entre R$ 450,00 e R$ 600,00 reais para as céduals em estado Soberbo.

O mercado é fortemente especulativo, baseado na notícia que se espalhou, intencionalmente, de que a cédual seria rara porque, apesar da grande quantidade impressa, circulou muito pouco, pois foi retirada de circulação devido à inflação no período.

Nossa conclusão: A argumentação carece de fundamentação lógica por diversos motivos não esclarecidos por quem comercializa. Primeiro, a tiragem é muito elevada (120.000.000 de exemplares) o que conta como variante de peso na formação do preço da cédula, classificando-a entre comum e escassa, nesse último caso, dependendo do número das que se encontrem efetivamente em oferta.
O argumento "é rara porque circulou pouco" não tem cabimento. É verdade que a cédula circulou muito pouco, mas também é verdade que diversos comerciantes, ao longo dos anos, adquiriram muitos pacotes fechados desta cédula, armazenando uma quantidade enorme em estoque. Com o tempo, à medida que estas cédulas são vendidas, o mercado se inflaciona no número de peças, fazendo seu preço baixar cada vez mais, por ser encontrada com facilidade à medida que mais exemplares entram no mercado, aumentando a oferta. Quem hoje paga, por exemplo, R$ 700,00 reais por essa cédula, cuja população de peças nas mãos de colecionadores é considerada baixa, mas com tendência em aumentar muito devido ao estoque em mãos de quem as comercializa, irá certamente amargar um prejuízo, quando os preços se ajustarem de acordo com o aumento no volume de peças oferecidas, o que constatamos que está em aumento. 
Isso acontece no mercado acionário, por exemplo, durante as subscrição de títulos. Uma empresa lança novos papéis no mercado a um determinado preço que tende a baixar, dependendo do volume de ofertas. Para isso existem os analistas de mercado, que calculam o número de papéis a serem oferecidos aos acionistas, para que os preços não tenham uma acentuada queda devido à forte especulação, por exemplo.  
O que estamos tentando dizer é que: As cédulas deste tipo (baiana) que não entraram em circulação, não foram destruídas e que existe um número imenso de pacotes destas cédulas em mãos de comerciantes que, para não "queimar" o preço, as soltam aos poucos, inclusiev vendendo a outros comerciantes menores que conta em ganhar "um trocado" dos que compram acreditando que o preço irá aumentar. Com o tempo, o mercado fica inflacionado por um grande número destas cédulas e o interesse irá diminuir cada vez mais (o que já está acontecendo), principalmente porque o universo de colecionadores de cédulas, no Brasil, é bastante reduzido, se comparado ao número de colecionadores de moedas, por exemplo. Não é a primeira vaze que isso acontece. Muito pelo contrário, tem acontecido sempre, desde o fenômeno das Olimpíadas, período que fez a fortuna de muitos especuladores e malandros que lavavam moedas em ácido para vendê-las aos incautos comos endo Flor de Cunho. Um exemplo disso aconteceu com as moedas conhecidas como "bandeira e "DH". A quantidade de "catadores" destas peças, pelas ruas, era enorme. Andavam à caça destas moedas por encomenda de comerciantes que, em seguida, as lavavam em ácido (encomendado a um químico do Paraná, com este propósito) e, seguidamente, as poliam em cera líquida Grand Prix (a cera em pasta não serve, pois contém grande quantidade de abrasivo), o que é suficiente para dar à moeda um aspecto belíssimo de Flor de Cunho Excepcional — durante o tempo suficiente para passá-la a um coitado, iludido em sua boa fé — quando examinada a olho nu ou com uma lente fraca. Se examinada com uma boa lente ou com lupa estereoscópica, logo se viam as marcas de circulação.

Um outro exemplo que temos observado, dzi respeito à moeda de 5 centavos de 1999, alvo de especulação maior do que com a cédula da baiana. É escassa, a bem da verdade, mas não tão escassa a ponto de ser vendida a preços absurdos, como os praticados no Mercado Livre, no Facebook e por alguns comerciantes. Além disso, convém recordar que moedas MBC, com um bom restauro e banho eletrolítico que custa em torno de R$ 10,00 a R$ 15,00 por moeda, ficam como novas, retiradas do sachê.

Outra malandragem diz respeito ao próprio sachê. Peguemos a moeda de 1 Real conhecida como "bandeira" por exemplo. Compra-se de catadores a 5 reais cada (negócio da China para quem está desempregado pelo meio da rua, pegar moedas de 1 Real e vendê-las por 5 vezes o seu facial), até possuir 50 delas (despesa: R$ 250,00 rais). Em seguida, basta mergulhá-las no tal ácido e polir, uma a uma, com cera líquida Grand Prix. Como não existe especificação nos sachês de qual moeda se trata, basta abrir cuidadosamente um deles (um sachê dos mascotes, por exemplo), colocar dentro as 50 bandeiras restauradas e fechar com cola incolor. Pronto: Você tem um sachê da bandeira para fazer uam rifa no Facebook e ganhar, no mínimo, 10 vezes o que pagou pelas moedas.

Muitos comerciantes, iniciantes no mercado, mas escolados em "malandragem", contam com a falta de experiência dos que iniciam, para explorá-los em sua boa fé. Com relação aos comercianets experientes, é nossa opinião que, ao invés de venderem tudo que tem, sem antes orientar quem inicia, seria conveniente conversar com o cliente, para ter certeza absoluta de que está fazendo a coisa certa. de nada adiante juntar um punhado de peças consideradas escassas ou raras, num amontoado de peças que não dizem absolutamente nada, que não contam uma história, que não tem sentido como acervo. Uma tremenda "salada", oned o inicianet deve ter colocado uam paret de suas economias paar, ao final, amargar um prejuízo e abandonar o hobby.
Isso desestimula, afugenta e irrita quem está iniciando, quando descobre que foi extorquido. Convém recordar o que aconteceu durante as Olimpíadas, quando chegaram a cobrar 750 reais por um sachê de paratriatlo (teve quem comprasse) e que hoje está com ele encalhado nas mãos e não consegue vendê-lo nem pelo dobro do facial. Nem mesmo abrindo o sachê para vender as peças avulsas, irá arrecadar a terça parte do que pagou.
Quando se dão conta de que foram iludidos, abandonam o hobby, se desestimulam, xingam, dizem que os numismatas são todos desonestos e gananciosos, acusando a numismática disso e daquilo, quando na verdade a culpa é da avidez de alguns que estão especulando no Facebook e no Mercado Livre, e também dos ingênuos que chegam a pagar R$ 600,00 por essa cédula, em estado SOBERBO.

2. Nosso experimento, para coroar nossa conclusão anterior — Temos alguns pacotes desta cédula da baiana, comprados ao longo dos anos, de comerciantes e que fazem parte do nosso estoque para composição dos álbuns que comercializamos (quem tem o catálogo de cédulas de 2ª edição, basta conferir às páginas 22 e 23 para saber do que se trata). Além destes pacotes, tínhamos mais duas cédulas avulsas, em estado Flor de Estampa excepcional. Como para o nosso experimento precisávamos de três cédulas, resolvemos comprar uma de um comerciante de Sâo Paulo, para não desfazer outro maço.
Oferecemos as cédulas no Facebook e no Mercado livre, por 3 dias consecutivos, iniciando com o preço de R$ 600,00 reais e não tivemos ofertas. Baixamos o preço para R$ 550,00 reais e nenhum inetresse foi demonstrado. No terceiro dia, baixamos o preço, no Mercado Livre, para R$ 500,00 reais, dando a possibilidade ao comprador de adquirir uma belíssima cédula, sem máculas e com a garantia Bentes, pagando em 12 parcelas iguais, sem jurios e sem correção monetária e ainad com o FRETE GRÁTIS e a cédula foi vendida.
Com relação às outras duas, tivemos ofertas que variaram entre 350 e 450 reais e acabamos vendendo as duas, a colecionadores diferentes, que nos propuseram pagar o preço que consta do nosso catálogo (R$ 480,00), à vista, para esta cédula Flor de Estampa se lhes concedêssemos a gratuidade do frete.

3. Os preços praticados em leilões das Sociedades Numismáticas — Poucos sabem, mas as sociedades numismáticas costumam realizar leilões semanais em suas sedes. A SNB, por exemplo, realiza dois por semana (um nas quartas-feiras, a partir das 19:00 hotras e outro aos sábados, à partir das 14:00 horas), em sua belíssima sede na rua 24 de Maio, no bairro da República, no centro de São Paulo. Qualquer associado pode participar dos leilões presenciais, edsde que esteja em dia com suas obrigações (pagamento anual de uma pequena taxa). 
Nestes leilões. essa cédula da baiana, Flor de Estampa, tem saído por valores que variam entre R$ 250,00 e R$ 300,00 reais; em alguns casos em que estejam presentes colecionadores interessados em adquiri-la para o seu acervo, cehga à cifra de R$ 350,00, que devem ser pagos, à vista, ao final do leilão. Em dias de pouca frequência, o interessado pode até comprá-la por menos de R$ 250,00. Mesmo que o preço inicial seja superior, uam oferta pode ser feita, quando o lote não desperta interesse dos presentes.


CONCLUSÃO FINAL

Em base às nossas considerações iniciais — o que nos levou a valorar a cédula objeto em SOBERBA (R$ 220,00) e FE (R$ 480,00) — com base na experiência na venda direta ao consumidor de três destas cédulas em estado de conservação Flor de Estampa Excepcional, com base em outras variáveis de análise de preços, e levando em consideração à forte desvalorização do Real diante das valutas estrangeiras, à tremenda recessão que o país vem experimentando, à redução dos negócios, o baixo salário mínimo, os índices alarmantes de desemprego e a forte crise geral em todo país, mas também sabedores de que o mercado numismático se constitui em um nicho muito particular, onde diversos colecionadores desconhecem momentos de crise, devido ao seu poder aquisitivo elevado, concluímos que os preços dessa cédula, com tendência de BAIXA, são atualmente:

2a) Soberba: estimativa entre 180 e 250 reais.
2b) Flor de estampa: estimativa entre R$ 400 e R$ 500,00 reais.

OBSERVAÇÕES:

Desonestidade — Convém recordar que não são poucas as pessoas que tem comprado destas cédulas em estado soberbo para vendê-las como Flor de Estampa. Basta pegar uma cédula bonita, como marca de dobra quase imperceptível, mas com estado geral muito bom, e deixá-la por alguns dias, em uma prensa gráfica (destas pequenas, à manivela, qu se encontra facilmente nas feiras de quinquilharias, como a do Bexiga). É o suficienet para enganar o neófito ou o incauto. Se já é complicado estabelecer critérios para o estado de conservação das meodas, é muito mais difícil fazer isso com cédulas que necessitam, de ohos experientes para verificar, contra a luz natural, marcas de dobras desfeitas em prensas.

Oferta, procura e catálogos — Muitos especuladores tem espalhado a falsa idéia de que o que determina os preços no mercado numismático, são apenas a oferta e a procura, e que catálogos não servem a quase nada. Obviamente, para a mente mais aguçada e atenta, isso se traduz imediatamente como uma tentativa "malandra" (para não dizer desonesta, diga-se de passagem) de afastar o colecionador de uma fonte de referência. Imagine que você, por exemplo, seja um "comerciante" e associado de uma das prestigiosas sociedades numismáticas que existem no território. Você participa dos leilões e compra, por exemplo, diversas cédulas da baiana, pagando em média, R$ 250,00 reais por cada. É justo que, devido ao trabalho de comparecer ao leilão, comprar, pagar à vista, oferecer em sua loja, onde paga aluguel e impostos, gozar o benefício de um lucro que pode variar entre 50 e 80%. Mas cobrar do cliente, 3 ou 4 vezes o que pagou, exigindo pagamento à vista, e ainda cobrar frete, beira à ganância, sem contar que está contribuindo para desestimular quem inicia, pois cedo ou tarde irá descobrir que foi quase extorquido e abandonar tudo. Sendo assim, não acredite nessa conversa fiada de que só a lei da oferta e da procuar determian os preços. Existem diversas variáveis a serem consideradas e que são levadas em conta por quem edita catálogos de forma séria e imparcial. Não estamos fazendo propaganda para que você compre o nosso catálogo (compar quem achar que deve). Existem pelo menos 3 no mercado de cédulas; a escolha é sua.

Circulada vale mais — Essa é outra conversa fiada que circula na internet, principalmente entre os espertos biscateiros do Facebook. Não precisa ser muito inteligente para saber que se fosse assim, estariam amassando cédulas FE para vender mais caro. E pensar que tem gente que acredita nessas conversas.

Os preços sempre sobem — Outra conversa fiada que tomou um vulto enorme, se espalhando por quase toda a numismática; a ponto de alguns autores de catálogos se sentirem na"obrigação" de semper aumentar os preçso a cada edição. Para dar um pouco de luz ao tema, sugerimos a leitura do artigo: As moedas como commodities - o fim da estabilidade dos preços.

Em última análise resta a pergunta: Você quer ser um numismata e estèa disposto a investir, tempo em dinheiro em montar um belo acervo ou quer sustentar quem vive de especulação, para depois se aborrecer e desistir de um hobyy fascinante?

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