Especulação, a indústria do engano em numismática


Resolvemos reeditar este tópico por um simples fato: A enorme especulação promovida por ditos "comerciantes" está "espantando" e, consequentemente, afastando os jovens e promissores colecionadores. Estes comerciantes estão sendo auxiliados por um pequeno grupo de diletantes que espalham mentiras e induzem os neófitos de boa fé ao erro, estimulando-os a pagar preços absurdos por moedas e cédulas comuns, o que acaba por desestimulá-los por completo, ao perceberem que foram enganados por pessoas que gozam de reputação de honestos e sérios. Estas pessoas, além de desestimularem por completo os que pareciam estar se apaixonando pelo hobby de reis e príncipes, contribuem para que tanto a ciência quanto o comércio de moedas se tornem a seara dos malandros, desonestos sem escrúpulos, que limpam moedas com ácido, fabricam pátinas com grafite e em fornos, falsificam sachês enqaunto vendem suas bugingangas no rastro de um hobby nobre e educativo, misturando moedas, cédulas e selos, com quinquilharias, réplicas e souvernis sem algum valor.


QUANTO VALE?

É sabido no meio numismático (e isso não é novidade para os que já se encontram no ramo há muito tempo) que algumas pequenas máfias, formadas ao longo dos tempos entre as poucas sociedade que ainda sobrevivem aos trancos e barrancos, tentam tirar o máximo proveito da ingenuidade de quem está iniciando no colecionismo de moedas, cédulas e selos, tratando a compra/venda desses artigos de coleção, com uma voracidade assustadora. Não medem as consequências de sua execrável conduta argentária, e colocam de lado escrúpulo, decência, ética e bom senso, ao extorquirem (sim, extorquir, é a palavra certa) pessoas que procuram seus estabelecimentos, munidos de sua boa fé. O resultado dessa conduta pérfida, mesquinha, egoísta e odiosa - que atingiu primeiro a filatelia (e sob essa ótica eu tenho certeza de que não estou errado) e que agora se faz sentir também na numismática - provavelmente seja a principal culpada da debandada de promitentes colecionadores de moedas, cédulas e selos. Creio que muitos já perceberam, haja vista saltar aos olhos, que os eventos, antes repletos de ávidos jovens em busca de cultura e conhecimento, aliados ao prazer de possuírem um acervo (mesmo que modesto) de moedas com quem pudessem se deleitar em seus momentos de lazer, se transformaram em um comércio de xepas, onde se vende de tudo, desde que se possa tirar proveito da situação. É um tremendo vale-tudo do "quinto dos infernos", onde o negócio é vender, seja lá que buginganga for: moeda falsa e limpa, carrinhos de fricção, revistas masculinas, garrafinhas de coca-cola, cartões telefônicos, fichas, palitinhos de uísque, maços de cigarros, etc, confundindo a numismática com um mafuá de barracas de feira livre.

Qual seria o motivo? Para responder à essa pergunta devemos avaliar com rigor investigativo o que vem acontecendo no setor, desde os tempos áureos do intenso comércio de moedas olímpicas.


Em primeira análise, me atrevo a dizer que, lamentavelmente, a este grupo de comerciantes inescrupulosos, somaram-se alguns diletantes sem qualquer formação cultural no que diz respeito à ciência numismática. Apenas viram no comércio de moedas e cédulas um filão de ouro: comprar a preço muito baixo, para em seguida vender com sorriso, brincadeiras, simpatia e piadinhas, a preço exageradamente alto, frutando ganhos que chegam à casa dos 2.000% (dois mil por cento) ou seja: comprar um objeto por R$ 100,00, por exemplo, e vendê-lo a R$ 2.100,00. Essa famigerada conduta, leviana e irresponsável, tem sido a principal causa do abandono por parte de quem iniciou a colecionar moedas e cédulas há pouco tempo.

A pergunta hoje, ao invés de ser "quanto é rara?" é "quanto vale?"...vender sem saber do que se trata, é a ordem do dia, desde que resulte em um lucro exageradamente alto. Em outras palavras, a intenção aqui não é incentivar o hobby; não existem a natural paixão pelo colecionismo de moedas ou a intenção de ver o setor progredir. O que conta aqui é pura e simplesmente criar a oportunidade para "arrancar de um coitado tudo o que puderem", não se importando minimamente se a sua conduta irá desestimulá-lo no futuro, fazendo não só com que abandonem, mas que também aconselhem seus amigos a manterem distância do que já chamam de "ninho de raposas e vendilhões baratos sem escrúpulos". Enganar, mentir, enrolar, são as palavras de ordem.


CADA VEZ MENOS NUMISMATAS

E não se importam minimamente se a sua conduta torpe tem contribuído para a bancarrota do setor. São como parasitas que se alimentam do sangue do hospedeiro enquanto vivo. Mentem, enganam, dissimulam, fazem de tudo para empurrar, goela abaixo, peças sem valor, moedas limpas com ácidos, moedas falsas, cédulas lavadas e prensadas, defeitos fabricados de "erro de corte" em cédulas, souvenirs dso templários, réplicas fajutas e falsas, muitas falsas, cada vez mais, muitas já dando dor de cabeça a quem antes sabia distinguir um falso de um autêntico, sem dificuldade, mas que hoje precisa de "tempo" para uma mais detalhada análise. Não escapam nem mesmo as certificadoras, induzidas a colocar em seus slabs, moedas falsas; por sorte, estas peças tem sido vendidas e leiloadas por grandes casas numismáticas que assumem o risco, reembolsando quem comprou "gato por lebre.
Há bem pouco tempo, recebemos diversas fotos de um colecionador que estava prestes a comprar alguns carimbos oferecidos no site de uma conhecida casa numismática. Sorte sua ter nos consultado, pois mais da metade dos carimbos eram falsos. A coisa toda nos remete ao mundo de Hieronymus Bosch que certamenet deve ter deixado em algum canto de suas telas, algo parecido com um "prego moeda", supostamente cunhado "por engano". A coisa é tão triste que um engenheiro que há pouco havia iniciado uma coleção de moedas, juntamente com seu filho de apenas 11 anos de idade, nos escreveu lamentando-se por ter sido enganado por comerciantes ávidos, dentro de uma prestigiosa sociedade numismática. Suas palavras foram: "...na numismática só existem cretinos, miseráveis, ladrões desonestos que se aproveitam da boa fé das pessoas...".

Erro fabricado a escopo de "enganar" o colecionador neófito, em sua boa fé.

Foi uma dificuldade tremenda tentar dissuadi-lo em sua intenção de abandonar tudo, e nem sei se consegui, já que não obtive mais suas notícias, desde que nos pediu para avaliar o que tinha em mãos, como patrimônio numismático. O coitado já havia gasto pouco mais de R$ 30.000,00 quando nos procurou, pedindo uma avaliação do seu acervo. O inocente engenheiro comprou moedas declaradas como raras (pseudo-raridades), patacões limpos, moeda com solda, com pátina fabricada, souvenirs com a marca "B", e até peças com certificação fajuta em slab chinês e, pasmem, com selo holográfico. Tudo somado, seu conjunto não chegava à décima parte do que havia pago. Chamava a atenção, contudo, um belo 8 Reales de columnario, comprado, segundo o rapaz, de um médico em Curitiba por R$ 3.500,00 reais; pena que a peça tenha sido limpa (os vestígios só podem ser vistos com boa lente), o que reduzia sua cotação a meros R$ 1.000,00 Reais (ou talvez nem mesmo isso), menos de 1/3 do que pagou. É óbvio que ao saber que foi tapeado, não ficou nem um pouco contente. Não me surpreende caso tenha abandonado tudo e ainda desestimulado o filho, acreditando estar protegendo o menino de um "imbróglio", afastando-o do que acredita ser um covil de lobos.

Na figura, a cédula de 50.000 Cruzeiros Reais, uma das prediletas dos especuladores, habituados a extorquir os que estão iniciando no mundo maravilhoso do colecionismo de moedas e cédulas, abusando de sua ingenuidade e boa fé.

Há pouco tempo escrevi um artigo sobre a especulação sobre a cédula de 50.000 Cruzeiros Reais, conhecida como "cédula da baiana" (clique aqui para ter acesso ao artigo). Trata-se de um dos ítens que mais tem sofrido especulação no setor, com o preço alavancado por este pequeno grupo de três comerciantes que contam com alguns promotores (diletantes e desempregados que encontraram na numismática um bico para sobreviver) que recebem deles moedas e cédulas a bom preço, sob a condição (uma barganha) de promoverem a venda de ítens como esta cédula, a preços exorbitantes (atualmente, girando entre R$ 750,00 e R$ 1.000,00, para a cédula no estado flor de estampa, ítem relativamente comum e que se encontra com facilidade no mercado numismático).



ESPECULAÇÃO, MENTIRAS, INTRIGAS, INJÚRIAS E DIFAMAÇÕES NO FACEBOOK


Vejam, por exemplo, o que encontramos em um tópico, aberto no Facebook pelo usuário R.C., um diletante que afirma (sim, ele mesmo confessa) nada saber sobre numismática. Mesmo admitindo não ter qualquer interesse em cédulas e moedas, procura elevar o preço da supracitada cédula da baiana, dos R$ 480,00 Reais (cotação máxima dada no nosso catálogo para essa cédula em estado FE, cujo preço tende a diminuir depois que descobrimos que um comerciante possui um enorme estoque delas) para R$ 800,00 Reais (um salto de quase 70% no preço), indicando de forma sútil onde encontrá-la à venda a esse preço absurdo que, mesmo afirmando nada saber sobre o assunto, alega ser justo:

Após criar o tópico, o comerciante de quinquilharias que insiste em chamar de "antiguidades, cujas iniciais do nome são R.C. (vamos deixar dessa forma, em respeito à privacidade do cidadão) que admite, descarada e despudoradamente, nada conhecer de numismática, escreve:
"–Tudo tem aumento, carros, casas, etc. Por que seria diferente com moedas e cédulas? É mais do que normal."
R.C. nem mesmo se dá conta das bobagens que escreve. Se fosse instruído, se investisse em bons livros, se estudasse, ou pelo menos se lesse as notícias nos jornais, saberia que os produtos "aumentam" de preço em países sujeitos à inflação e assaltados por um câmbio sempre desfavorável. Ora, que conversa é essa de que os preços dos imóveis e dos automóveis semper aumentam. O mercado imobiliário está à míngua, justamente porque alguns insistem em não baixar os preços. Quem está dando descontos e aceitando receber menos do que esperava, consegue vender sua casa ou apartamento. Por outro lado, os que insistem em manter os preços, baseados nessa filosofia tacanha de que tudo deve aumentar, amargam uam espera que pode chegar a anos, até que apareça um incauto e pague o que pede. A gananciosa indústria automobilística, a única que insiste em aumentar os preços do que produz, está amargando um tremendo prejuízo, com milhares de veículos que não vendem, parados nas concessionárias e nos pátios das montadoras.


Continuando em sua parvoíce, R.C. (que diz não se importar com a numismática - na verdade, só quer saber os preços das peças para poder extorquir os incautos neófitos) escreve o que chamou de dica (?) (importante enfatizar que ele mesmo admite não conhecer nada sobre o assunto, mas mesmo assim, se atreve a dar "dicas"). Aí vai a dica de R.C.:
"–Se parar de comprar, quando começar novamente, vai ver que fez uma opção meio errada, pois nunca vi queda em preços na numismática. Lembrando que sempre foi colecionismo caro". 
"Fez uma opção meio errada" (sic)? ... Como assim, "opção meio errada"? Ora essa, compre hoje, uma cédula da baiana por R$ 800,00, espere uns 3 anos e volte ao mesmo comerciante para tentar vendê-la e veja quanto ele irá te oferecer. Se chegar a R$ 250,00 é muito. Nós, apesar de não vendermos moedas ou cédulas no Brasil, justamente para não interferir com as nossas publicações (seria anti-ético publicar catálogos e vender moedas...mesmo não fazendo, passa a imperssão de que os preços são manipulados), sabemos como funciona o mercado numismático no Brasil. Nos mercados em que compramos e vendemos, todos sabem que recompramos nossas moedas por 75% do preço de venda (em euros) ou 65% da cotação do nosso catálogo, afinal somos comerciantes e não podemos ficar comprando e vendendo pelo mesmo preço.
Deram até um nome (aliás, dado por Kurt Prober) que serve a denotar a ganância de alguns, tidos como grandes e respeitados comerciantes que compram na "bacia das almas" para vender aos incautos com lucros de até 2.000%. Como fez, por exemplo, um conhecido comerciante que, aproveitando-se da ingenuidade de uma velhinha viúva, comprou a coleção de 2.000 moedas de dólares de prata, queeram do marido da coitada, por US$ 2.000,00. O comerciante mostrou para a pobre senhora o valor facial (1 Dólar) e disse: "- ...veja aqui quanto vale cada uma...um dólar...então eu pago 2.000 dólares pelas 2.000 moedas".
E a coitada entregou 2.000 moedas de 1 dólar de prata (uma onça de prata) por 1 dólar cada uma. Isso sem falar nas datas e Casas da Moeda que dependendo de quais sejam, aumentam o grau de raridade da peça.
Moeda de 1 dólar de prata (uma onça de prata). Um comerciante pagou exatso U$ 2.000,00 dólares por 2.000 destas moedas e como a sua vaidade é tão grande quanto o seu ego, saiu contando a istória para todo mundo, acreditando que seria considerado "esperto". Pode até ser "esperto" para os velhacos desonestos que o admiram e pensam como ele.
Um outro caso que os neófitos - e até mesmo quem já está há algum tempo na numismática - desconhecem, foi a compra de mais de 5.000 patacões dos filhos do falecido Hélio Guimarães, um dos maiores colecionadores de 960 Réis e de moedas de ouro do Brasil. Assim que souberam do aflecimento do numismata, dois comerciantes se associaram e correram atrás dos filhos do homem. Não é necessário dizer que de numismática, os 3 rapazes não entendiam absolutamente nada. Assediados por estes dois, fragilizados pela perda do pai e com pouco dinheiro, aceitaram a oferta de R$ 80,00 por cada moeda ... "para ficar com tudo", disseram os dois "abutres" aos rapazes que, sem recursos, venderam as 5.000 moedas de 960 Réis, entre datas e recunhso da mais alta raridade, por míseros R$ 400.000,00, quando a estimativa para a coleção, seria de, pelo menos, 3 milhões )paar pagar e não como preço para colecionador). Ingenuamente, os rapazes se recusaram em vender as masi de 1.000 moedas de ouro que valiam muito, mas menos do que os 5.000 patacões, entre eles as datas 1827, 1832, 1833, 1834 da Casa da Moeda do Rio de Janeiro, 1810, 1816 e o 1810 reverso invertido da Casa da Moeda de Vila Rica (Minas Gerais), 1819 da Casa da Moeda da Bahia, mais legenda alternada, algarismos grandes, coroa sem forro, todas FDC, R entre cruzetas sobre sol argentino, também FDC, carimbo Mato Grosso, carimbos C e Cuyaba por extenso, dois patacões recunhados sobre dólar de prata, ensaios, coroa de 640 Réis fdc, e muito mais. Todavia, essa transação (engano) terminou por culminar em um processo contra os dois comeciantes (corre, a pedido dos réus, em segredo de justiça), proque um dos rapazes, na época em que compraram os 5.000 patacões, tinah só 17 anos, ou seja, menor de idade.

Imagem do raríssimo 960 Réis de Minas, data 1810, reverso invertido, comprado por dois comerciantes "espertalhões" por R$ 80,00 (oitenta reais), aproveitando-se da ingenuidade dos vendedores, 3 rapazes, sendo um deles menor de idade, que venderam a fabulosa coleção do pai falecido.


NÃO É VERDADE QUE AS MOEDAS E CÉDULAS SEMPRE SOBEM DE PREÇO

É óbvio e bastante evidente, a tentativa de R.C. em induzir os neófitos ao erro, principalmente porque a tendência da cotação para essa cédula é a de cair, situando-se abaixo da linha dos R$ 400,00. Não é verdade que as moedas sempre sobem de preço. Isso pode ser cosntatado nos sites das grandes e prestigiosas Casas de Leilões, nos EUA e Europa, O boom que as cotações experimentaram, entre 2011 e 2014, principalmente, ficou no passado. Hoje, muitas moedas que naquela época chegaram a ser negociadas por cifras astronômigas, hoje fazem fadiga em trocar de mãos pela metade do preço.
O mercado numismático em pouco (ou nada) difere dos mercados que envolvem os objetos de arte, colecionáveis e afins. Na verdade, a maioria das moedas, em sua cotação, sofreu uma queda significativa em seus preços por diversos motivos.
A pergunta que deve ser repensada, antes de ser respondida é: Por que os catálogos devem sempre aumentar os preços das moedas, já que uma valorização sistemática de preços não ocorre com outras (nenhuma delas) mercadoria em todo mundo, nem mesmo com o ouro que volta e meia experimenta uma queda de preços? Para saber mais a respeito, clique aqui.

O colecionador iniciante não entende - o que é natural e compreensível, já que não tem a experiência devida para a valiar a situação - que as moedas e cédulas estão sempre por aí e que se não conseguiu comprar dessa vez, oportunidades não irão faltar. O pensamento do neófito praticamente comunga com sua aflição ao acreditar que se não comprar por esse preço, que estará perdendo a oportunidade de ter aquele tão desejado ítem, ou até mesmo perdendo um "negócio da China".

Continuando, R.C., rindo da aflição dos que participam do tópico, discordando da sua opinião, escreve:
"–O fato é: R$ 800,00 Reais na Baiana FE (risos), podem espernear à vontade, é o que está no site, e vão subir de preço, alguém quer apostar?"
Entre os que comentaram o tópico, E.S. escreve:
"–Há dois meses parei de colecionar moedas e cédulas, e não tenho a intenção de voltar a comprar tão cedo...os caras ficaram loucos com relaçao aos preços.
A resposta de R.C. (GM), ao escrever “-Tudo tem aumento, carros, casas, etc. Por que seria diferente com moedas e cédulas? É mais do que normal.”, nem mesmo obteve resposta...e nem valeria a pena, haja vista seu argumento sofismático, fraco e tacanho, diante da argumentação lógica do rapaz. Afinal, ninguém gosta de ser literalmente extorquido. A pessoa fiac com uita raiva, com justa razão, principalmente quando descobre que foi enganada, o que acontece quando tenta vender o que tem em seu poder.

Diante da negativa recepção ao seu tópico tendencioso, R.C. tenta dar uma de "joãozinho sem braço", fingindo mostrar-se surpreso com a reação não muito calorosa da sua manifesta intenção de elevar o preço de uma cédula que um dos três comerciantes supracitados tem em estoque para lá de 1.000 exemplares, comprados há 2 anos de um conhecido comerciante de cédulas (este honesto e confiável) pela bagatela de pouco mais de R$ 60.000,00 reais (isso mesmo, em média R$ 60,00 reais cada exemplar). Continua R.C.:
"–Bem estranho estes comentários...fui lá já muitas vezes...e claro que não para vender...(lá não é lugar para isso)...lá todo mundo é comerciante...e vai jogar preço no saco mesmo...é LÓGICO...QUEREM LUCRO...e eu também...até aí novidade zero."
Logo em seguida, o usuário J.G. comenta:
"–Concordo com o amigo E.S., por isso e pro muitos outros motivos, já não tenho mais interesse em colecionar...já perdi a vontade e parei com o colecionismo da numismática"
A "cereja do bolo" faz sua triunfal aparição, quando R.C. (provavelmente atordoado por ter percebido que o seu tiro saiu pela culatra), sem entretanto perceber a necedade e ingenuidade das suas palavras, escreve:
"–Lembrando que não sou numismata...não gosto de estudar numismática...minha formação e tendências sãooutras. Sou somente um entusiasta. Não vejo obrigatoriedade sobre estudo de moedas e cédulas...estuda quem quer...o que não é o meu caso."
Wow!!! Não é preciso dizer que dali por diante o tópico esfriou e simplesmente acabou, pois ninguèem mais deu bola para o "imbroglio". O rapaz admite que não conhece nada sobre o assunto, que não se interessa e nem quer saber de estudar, mas ao mesmo tempo se acha capaz de ditar regras no setor e endossar a especulação que tem sido a principal responsável pela debandada de tantos colecionadores iniciantes.

Continuando a conversa, o usuário G.S. entra e comenta:

"–Aí você chega lá (referindo-se à loja de um conehcido comerciante de SP), prá vender prá ele por R$ 400,00 reais que é a metade do preço que ele vende e o cara te oferece R$ 40,00.

Nota: Aqui vai um alerta! Supondo que dobrar o preço de uma mercadoria confira ao comerciante um ganho fabuloso, e que triplicar seja fantástico, comprar uma moeda por R$ 40,00 Reais, vendê-la por R$ 120,00, ou até R$ 200,00 reais, ou mesmo R$ 240,00 com um ganho de 500% sobre o valor pago, já seria, por sí só, um negócio da China. Contudo, pagar R$ 40,00 e vender por R$ 800,00, vai muito além do lucro, entrando no campo da ganância e da peversidade, por não se importar minimamente se essa conduta é a principal responsável pelo desinteresse de tantos jovens numsimatas. Imagine você comprando uma moeda por R$ 800,00 e no dia seguinte precisar de uma grana e voltar no mesmo comerciante e receber uma oferta de R$ 40,00 reais pelo que pagou R$ 800,00 na véspera. Já imaginou? Pois é!

O comentário de G.S.:
"–Eu sei porque fui lá na loja, vi os preços dele bem lá em cima e levei algumas moedas para vender...um exemplo, levei um sache FAO de 25 centavos...ele vende na loja dele por R$ 50,00 cada moeda e me ofereceu R$ 10,00 em cada...eu pedi R$ 25,00, metade do que ele vende...tem moedas comuns lá, em estado de conservação MBC, por R$ 600,00 reais...sendo que eu vendo as mesmas moedas por R$ 100,00 Reais...ofereci 5 peças pra ele por esse preço (R$ 100,00) e ele não quis...E ISSO ACONTECE EM PARTICAMENTE TODAS AS LOJAS DO PRÉDIO DA SOCIEDADE...fora o mau atendimento das lojas...eu querendo comprar e o pessoal com preguiça...falta de vontade em mostrar as moedas...meio desconfiadas, achando que eu iria roubar algo...".

DEFINIÇÃO DE MOEDA

"Peça de metal, geralmente circular, cunhada por instituição governamental ou autoridade por ela concedida, para ser usada, dada e aceita, como forma de pagamento de pagamento; meio pelo qual são efetuadas transações monetárias."

Com base nesta definição, é evidente que muitas peças hoje proclamadas como moedas, provas e ensaios, não passam de meros souvenirs. É emblemático o caso do token bromélia (clique aqui para saber a respeito) que tem mexido com a imaginação dos diletantes, induzidos ao erro por uma turma que se assemelha aos grupetos que se instalam nas ruas com aqueles caixotes, 3 conchinhas e uma bolinha de cortiça, tomando dinheiro de qualquer um que se disponha a fazer papel de tolo.

Um outro caso que chama a atenção são os souvenirs vendidos aos incautos que acreditam estar montando um acervo numismático. Estas peças entram na mesma linha das garrafinhas de coca-cola, palitinhos de uísque (whisky), notas de banco imobiliário e figurinhas kinder. Quem quer ser numismata, deve evitar estes souvenirs. Do contrário, irá gastar um monte de dinheiro, num ajuntamento de "coisas" sem valor (sem valor numismático, que fique bem claro)

Souvenir "templários", vendido como "moeda". Peça de adorno que pode servir como enfeite, realizado em metal dourado, algumas vezes acompanhada de "certificado", mas sem qualquer valor numismático.

MOEDA PREGO

Não existem limites à imaginação, quando está em jogo a avidez em tomar dinheiro dos incautos e desavisados. Outro caso surreal que causou furor no meio numismático foi a hipotética venda de um prego que teria caído, acidentalmente, no processo de cunhagem numa das Casas da Moeda dos EUA, o que por si só já é bastante estranho, haja vista ser rigoroso o procedimento de cunhagem dos americanos. Seja lá como for, esse souvenir foi certificado e acabou sendo leiloado pela bagatela de US$ 42.000,00 dólares americanos (assim declara o site). Não é necessário dizer que quem pagou (se pagou), jamais irá recuperar tamanha cifra por um prego, "coisa" que não se encaixa em qualquer acervo, nem mesmo nos "erros de cunhagem". De todas as aberrações que temos visto ultimamente, essa merece a justa "premiação" hors concours. Em última análise, tem gente disposta a pagar por qualquer coisa que fuja do convencional. Quando se trata de gente muito rica, que chega a gastar US$ 50.000,00 dólares numa boite, num fim de semana, a tolice não chega a prejudicar suas finanças, o que não é o caso de assalariados como o engenheiro citado anteriormente.

Figura: Prego medindo aproximadamente seis polegadas, revestido de zinco, supostamente entrado “por descuido” no processo de cunhagem de dimes de Roosevelt, vendido nos EUA por US$ 42.000,00. O que o brasileiro, intencionado em se tornar um numismata, deve entender é que estamso falando de EUA, o país onde você vende de tudo, bastando para tanto a propaganad justa e a oportunidade de aparecer o comprador certo, na hoar certa. Lá eles empacotam fezes de artistas, de celebridades, vendidos em cápsulas (segundo eles, hermeticamente fechadas) aos fãs que querem carregar, oendurado no pescoço, um pouquinho de cocô do seu ídolo predileto. O mais estranho é que uma prestigiosa certificadora americana cometeu o grave erro de colocar essa aberração em slab, o que acabou lhe custando um quantidade de críticas de gente que não perdoa, mas nada que pudesse prejudicar a empresa que hoje nem quer ouvir falar do episódio. 


A propaganda é a alma do negócio - A seguir, o vídeo realizado para promover o bizarro souvenir.



LISTAS DE PREÇOS, VENDIDAS COMO CATÁLOGOS

Esse é um assunto que tenho evitado comentar ultimamente, haja vista a declarada intenção de um grupo de pessoas em nos difamar. Desde a publicação da primeira edição do Livro Bentes de Moedas do Brasil, temos sido alvo de constantes atques difamatórios, injúrias e calúnias, promovidos por um grupo interessado em se aproveitar da ingenuidade dos incautos. Um desses elementos que iremso manter no anonimato por razões óbvias, já foi condenado pela justiça de Goiás a 2 anos e 4 meses de reclusão, por prática de racismo na internet, pena comutada em cancelamento do seu blog e serviços perstados à comunidade, por se tratar de réu primério. Assim que publicamos a primeira edição, recebemos uma avalanche de mensagens, muitas delas elogiando o nosso trabalho em prol da numismática, e algumas (apenas algumas) com críticas, algumas construtivas e que nos ajudaram a melhorar o nosso Catálogo, hoje tido como o melhor das últimas décadas, jamais publicado no país, outras simplesmente tecendo considerações negativas sem nada acrescentar e um pequeno punhado delas nos ofendendo, xingando e maldizendo. Logo na primeira edição, fomos acusados de publicar, sem autorização, as imagens de cinco moedas retiradas do site de uma prestigiosa casa de leilões. O estranho é quenão foi a Casa de Leilões a nos processar, haja vista o acordo de cavalheiros que a Bentes celebrou com a casa numismática. Foi o proprietário dessas poucas moedas a nos processar, exigindo que pagássemos R$ 35.000,000 Reais pelo que afirmava ser "sua propriedade intelectual" ou como também citado no processo "as fotos artísticas das suas moedas". Evidentemente, a pessoa que nos processou perdeu na justiça, a sua intenção em nos extorquir. A explicação do motivo que fez a pessoa ter seu pedido de indenização, negado pela justiça, já demos nesse artigo (clique aqui para saber mais).

Quem é do ramo sabe, há muito tempo, que no Brasil o último a se preocupar em publicar um catálogo de moedas como se deve, antes de nós, foi Kurt Prober, mais um odiado pelos comerciantes pela sua coragem em denunciar as falcatruas no setor. Depois dele, e antes de nós, a lista que se tornou famosa foi a encomendada pelo falecido Arnaldo Russo que, ao invés de escrever um catálogo, preferiu encomendá-lo ao numismata português Alberto Gomes que praticamente já havia compilado todas as moedas das Colônias portuguesas em seu catálogo. Dessa forma, bastava inserir as moedas do Império e da República para ter uma lista de preços das moedas brasileiras. Quem tem os dois catálogos (do Gomes - imagem à esquerda - e do Russo) pode verificar que as imagens são exatamente as mesmas, das peças que circularam tanto na metrópole quanto na maior colônia portuguesa. O catálogo de moedas portuguesas continua a ser editado em períodos cada vez mais esparsos, enquanto a lista de preços do falecido Arnaldo Russo foi vendida a um conhecido comerciante que continua a publicá-la regularmente.


PREÇO BAIXO PARA ESTOQUE BAIXO - PREÇO EXAGERADO PARA ESTOQUE ALTO

Essa tem sido a filosofia de quem ultimamente publica listas de preços de moedas no Brasil. A estratégia milionária e que fez com que alguns ganhassem muito dinheiro até a chegada do nosso catálogo, tem sido "colocar preço baixo nas moedas com estoque baixo e preço exagerado no que tenho em grande quantidade". Ora, nem é preciso ter um QI de gênio para entender a velada intenção por trás dessa filosofia da compra e venda.
Vou citar aqui um exemplo: O X Réis de cobre, de D. João P.R. cunhado na Casa da Moeda de Lisboa, com a coroa alta, sem carimbo de escudo ou "de escudete" (ver figura a seguir), é uma peça raríssima (eu diria da mais alta raridade pois acredito que seja única). No nosso catálogo, essa moeda raríssima se encontra na atual edição, na página 279 (425.03), classificada como ÚNICA, pois além da peça que pertencia ao acervo do nosso saudoso e caro amigo Fábio Pagliarini, insigne numismata que possuía um fantástico acervo de moedas cúpricas, nunca mais soubemos da existência de outro exemplar. A peça em questão, pertencia ao acervo da coleção Serrano, vendida a Fábio Pagliarini por quantia que não iremos revelar, a pedido do comprador, o que respeitamos mesmo após o seu falecimento. Hoje desconehcemos o paradeiro dessa moeda.
D. João P.R., Csa da Moeda de Lisboa, X Réis 1803 com a coroa alta. Essa moeda, com a data 1805, é única.
Pois bem! Na mais recente edição do Livro das Moedas do Arnaldo Russo, hoje publicada por uma dupla de conhecidos comerciantes numismáticos, essa moeda é cotada nos estados BC, MBC e SOBERBA, em R$ 135,00; R$ 300,00 e R$ 700,00 Reais, respectivamente, o que é um absurdo.

Contudo, é de se esclarecer que o preço é um claro exemplo da "estratégia" de "comprar por preço muito baixo o que vale muito e vender a preço exagerado o que vale pouco". Basta supor que alguém entre numa loja numismática, com essa moeda em estado MBC, querendo vendê-la. O argumento mais forte seria o de abrir a lista de preços na página 265 da atual edição do catálogo do Russo, mostrar os preços ao incauto e dizer: "...olha aqui...eu vendo essa moeda, nesse estado, por R$ 300,00...como não sou "ganancioso", te pago R$ 250,00 reais por ela e ainad vou amargar um bom tempo só para conseguir ganhar R$ 50,00".


DIFAMAR PARA PODER GANHAR

Desde que lançamos a primeira edição do nosso Catálogo de Moedas, temos sido alvo de constantes ataques por parte de quem insiste na filosofia de "comprar na bacia das almas e vender a peso de ouro". Nossas cotações, ao que tudo indica, fizeram enfurecer muita gente, habituada a lucrar em cima da boa fé de quem estava iniciando. Consideramos essa conduta pérfida, além de demonstração de má formação de caráter. Enganar vehinhas e menores de idade, a fim de obter vantagens escusas, deveria ser (mas lamentavelmente não é) considerado crime nesse país. Um comerciante de Brasília que inclusive anunciava em nossas publicações, nos disse que não interessava mais vender nossos catálogos, pois segundo ele, nossos preços estavam abaixo da cotação de mercado.
Qual cotação de mercado?  Aquela que diz que a comum cédula da baiana vale R$ 800,00 ou a que coloca moeda raríssima como o cobre supracitado, a preço de moeda comum paar poder comprar barato?

Pesquisamos os preços e usamos um algoritmo para valorar as peças. Não somos diletantes...trabalhamos a numismática como ciência e não como vendedores de xepa. Não nos sentamos, tranquilamente, no quarto de um hotel ou no coforto de casa para, com um catálogo e lápis nas mãos, tudo na base da orelhada e achismos, trocar os preços das peças, com a infeliz idéia de que tudo deve aumentar muito, e sempre usando a estratégia do "colocar preço baixo no que vale muito paar poder comprarbarato, e valorizar o que temos em quantidade para vender a preços exagerados aos incautos. Nem no valioso comércio das artes, onde obras trocam de mãos por fortunas imensas, essa conversa de que os preços sempre sobem, é verdadeira.


COLOCA NO SEU CATÁLOGO OU VIRO SEU INIMIGO

Volta e meia somos assediados com mensagens via e-mails, de pessoas que acreditam ter em mãos, uma raridade, algo novo, pedindo que o seu "achado" seja incluído no nosso catálogo. Se bem me recordo, somente duas ou três vezes, fomos a fundo pesquisar do que se tratava, poi sjá conehcemso a maioria dos "imbrógilos". Caso resulte como verdade incontestável, não vemos qualquer problema em inserir novas peças na nossa publicação. Mas como somos sérios, isso depende de pesquisa e não de pedidos ou amizade. Mas ao que tudo indica, algumas pessoas não enxergam a coisa dessa forma e, ao terem seu pedido negado, voltam-se contra nós e passam a nos difamar, odiar ou simplesmente desfazem uma amizade que parecia promissora e duradoura.

Os casos mais conhecidos são o de um alto funcionário público que insistia para que inseríssemos o tokem bromélia - clique aqui para saber mais - em nosso catálogo (por falar nisso, temos novidades a respeito, e que iremos postar em breve aqui no nosso blog). Ao ter seu pedido negado, essa pessoa passou a não mais nos contactar e os elogios anteriores ao nosso trabalho, simplesmente se transformaram em silêncio total. O funcionário em questão havia comprado de um comeriante conhecido, o inteiro conjunto dessas fichas sem valor numismático.

O token bromélia, ficha sem valor numismático, oferecida aos incautos, como raridade.

Outro caso diz respeito a um ex-diretor de uma prestigiosa Sociedade Numismática, que nos pediu para colocar em nosso catálogo, as falsas X, XX, XXX e XXXX soldos de prata, todas fabricadas por um ourives do Rio de Janeiro, na década de 30. Antes apareciam em estado excepcionalmente belo, já que foram fabricadas a título de "brincadeira" e nunca entraram em circulação. A coisa se complicou de uns tempos para cá, pois alguns espertalhões estão produzindo estas pseudo-raridades no fundo do quintal e dando a elas um tratamento físico-químico para que pareçam gastas, induzindo a vítima do engodo a acreditar que circularam. Segue abaixo foto de uma dessas peças fabricadas por malandros.


Um outro caso que terminou por provocar um entrevero e terminar com a nossa exclusão do quadro de associados de uma prestigiosa sociedade numismática, deveu-se a insistência do então presidente da referida sociedada (na época) para que nós declarássemos as obsidionais holandesas como sendo "meras fichas particuares", insistindo para que as retirássemos do nosso catálogo (clique aqui para saber mais...artigo em três partes). O caso rendeu e quase foi parar na justiça, mas obviamente desistimos, por diversos motivos, sendo o primeiro deles porque não temos tempo para perder discutindo em um fórum, as sandices de um diletante que limpa moedas com cianureto e que, por não saber lidar com o veneno, quase bateu as botas. Contudo, isso não impediu que o então presidente da prestigiosa sociedade, se aliasse a um "ancião de unha avantajada do mindinho" para que, numa reunião de fim de sábado, se reunissem e nos expulsassem da entidade que, lamentavelmente, hoje se encontra entregue às traças, sem boletins ou com boletins com artigso desinteressantes e sempre com aquela introdução enfadonha do senhor "intelectualóide da unha grande" e suas bobagens que só divertem os tolos. Mesmo assim, a associação vai em frente, aos sopapos, com encontros patéticos onde quase ninguém comparece. Os encontros de sábados, de 20 anos atrás, com um monte de associados de pé e gente até no corredor, por não encontrarem lugar para sentar, ficaram no passado e hoje contam com dois ou três diretores, mais uns gatos pingados que aparecem por lá uma vez por ano, o que nos entristece muito, por entendermos que tudo isso só contribui para emprobrecimento da história de um país mais preocupado em investir em violência do que em cultura.

Jovem de 23 anos foi preso, no Rio Grande do Sul, por falsificar moedas do Real na metalurgis do pai. CLIQUE AQUI para ler a matéria, veiculada no "noticiário UOL".

CONSIDERAÇÕS FINAIS

São frequentes as vezes que nos perguntam: Qual critério devo adotar ao adquirir uma nova moeda para minha coleção ?

É fato que em primeiro lugar está o amor pelo nosso hobby, mas devemos - e temos obrigação de - ser honestos, em dizer que o argumento "investimento" é bastante relevante ao adquirirmos um novo exemplar. Ninguém gosta de “jogar dinheiro fora” ou ter a sensação de que, anos mais tarde, aquilo que possuímos possa valer muito menos do que pagamos no passado. Adquirir moedas para um acervo é assunto sério e, de forma alguma, deve ser feito improvisamente e sem critério.

Muitas vezes nos perguntam qual a melhor forma de escolher uma moeda que deverá assumir posição de destaque em uma coleção. Os critérios são muitos, começando por adquirir moedas que façam parte de um tema, período ou metal que nos agrade. Mas é importante saber que, antes de iniciarmos uma coleção, devemos planejar, de forma a que possamos estabelecer uma lógica dentro daquilo a que nos propomos. Podemos colecionar moedas por metal (ouro, prata, cobre, etc), por tamanho (moeda tamanho dólar, piastra, etc), pela cronologia (período em que reinou um determinado soberano, em um determinado país), etc.
Ninguém seria humanamente capaz de colecionar todas as moedas imperiais romanas ou moedas gregas, por exemplo, caso fosse um destes o critério adotado inicialmente (moedas romanas ou gregas). Por isso, quem se dedica a esta forma de colecionismo, o faz, escolhendo um determinado período da antiga Roma, por exemplo. Podem ser áureos e denários dos primeiros imperadores (os chamados 12 Césares) ou, no caso das gregas, as moedas cunhadas com a efígie de Hércules com manto de leão, obedecendo às diversas casas monetárias durante o período em que viveu Alexandre Magno ou mesmo adotando as efígies de animais de cada cidade estado na Grécia (Siracusa – golfinho; Atenas – coruja, etc).

Mas não é este o tema que pretendemos abordar ! A proposta é aquela de orientar o colecionador na hora da escolha, na compra de um novo exemplar para o seu acervo.

São várias as perguntas a serem respondidas e isto deve ser feito com sinceridade e honestidade.

1. Devo escolher uma moeda pelo preço estabelecido em um catálogo ou pela pessoa que a está vendendo?
2. Se encontro uma moeda que falta em minha coleção, mesmo estando em estado de conservação que não me agrada, devo comprá-la?
3. Existe grande diferença entre uma moeda soberba e uma flor de cunho?
4. Quando devo adquirir uma moeda em estado de conservação baixo?
5. Quais são os critérios para avaliar o grau de conservação de uma moeda?

Sempre que nos fazem estas perguntas, somos determinados em responder:

-Antes de tudo, devemos sempre adquirir moedas que se encontrem no melhor estado de conservação possível. Assim, se existe a possibilidade de adquirir uma moeda em estado de conservação “flor de cunho”, esta deve ser a nossa escolha. Isto porque as moedas em excelente estado de conservação são sempre as mais negociadas, procuradas e, consequentemente, valorizadas. Basta dizer que em leilões internacionais de que temos participado, a preferência por moedas em excelente estado de conservação é notável, enquanto as de que se encontram em precário estado, se oferecidas individualmente, não despertam o mínimo interesse; quando muio, são oferecidas em lotes contendo diversas delas, a preços muito abaixo do mercado da singular peça de prestígio. Este é um dos motivos pelo qual fazemos constar no nosso catálogo, na escala de conservação, o estado FDCe (flor de cunho excepcional), pois algumas moedas são consideradas acima daquilo que denominamos "flor de cunho". Sob essa ótica, a dúvida do neófito é quase sempre a mesma, pois acredita que esta classificação indique a moeda que jamais circulou, sem "bag marks" (marcas de contato). Quem é conhecedor do assunto, sabe, por exemplo, que existem diferentes graduações do estado FDC, fato desconhecido - ou mesmo ignorado - por alguns numismatas e comerciantes brasileiros. Um bom exemplo disso é a escala de Sheldon, usada na classificação da numária americana e que vem se espalhando por todo o mundo, graças ao trabalho de certificadoras como a NGC e PCGS que atestam, mediante pagamento, o estado em que se encontra uma determinada moeda.

Mas como saber, com certeza, em que estado se encontra uma determinada moeda?

Em primeiro lugar, o mais cômodo é que o exemplar esteja certificado por um expert, devidamente encapsulada em invólucro com seu código de barras. Na figura a seguir, um exemplo de moeda certificada.

Figura: Exemplo de moeda certificada (NGC). No anverso vê-se o sigilo de segurança com a logomarca da empresa certificadora. No reverso, o código de barras que permite ao usuário localizar no site da empresa a ficha catalográfica da moeda. Logo abaixo, o estado de conservação dado por perito avaliador que atestou a moeda como sendo MS62 que, na escala de Sheldon (vide figura a seguir ... clique na imagem para ampliá-la), corresponde ao flor de cunho um pouco acima da média. O exemplar acima, graças ao seu singular estado de conservação, foi vendido el leilão por US$ 10.281,24 dólares, o equivalente a pouco mais de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais), ao câmbio de hoje (21/01/2016).
As diversas graduações da escala Sheldon para o estado FDC (Mint State)
Clique na imagem, para ampliá-la.


O estado de conservação como variável de peso na cotação de um exemplar

As avaliações, sobretudo aquelas relativas às moedas em grau de conservação FDC, ou àquelas que não se vêem com frequência nas contratações comerciais, são suscetíveis de variações impostas pelo mercado. As cotações presentes no nosso catálogo, por exemplo, refletem a tendência do mercado até o final do segundo trimestre do ano precedente àquele a que faz referimento o manual. Sendo assim, os preços constantes do catálogo de 2015, dizem respeito aos preços praticados até o final do segundo trimestre de 2014, época em que são terminados os trabalhos de revisão e estampa.

As moedas perfeitas, com pátina de medalheiro e em estado de conservação excepcional são citadas em casos particulares, por nós avaliados como sendo necessários a título de referência de mercado, haja vista estas moedas atingirem preços particularmente elevados por seu estado de conservação e por sua beleza. 

Veja, por exemplo, a moeda a seguir. Não é a sua data ou a quantidade cunhada, a determinar a sua raridade, mas sim o seu conjunto, em particular a superposição de datas e o seu excepcional estado de conservação. Tudo somado, o exemplar da figura se constitui em moeda muito rara, alcançando cotação elevada e conferindo ao seu proprietário um significante retorno de capital investido. Enquanto algumas "moedas" permanecem com seus preços invariáveis no tempo, devido principalmente ao seu estado de conservação comum ou abaixo da média, exemplares com excepcional estado de conservação valorizam muito com o passar dos anos, configurando-se como um excelente investimento. Claro que irão aparecer outros exemplares no mercado, mas não como esse.

Figura: Interessante e raríssimo exemplar de 3.200 Réis da Casa da Moeda do Rio de Janeiro, demonstrando que o cunho foi usado em três datas diferentes (data emendada). A primeira, 1754, onde se pode notar os traços do “4”. Em seguida, a data foi emendada para 1756, com os detalhes do “5” pouco visíveis. A última data, 1756, é a da moeda da foto acima. Essa moeda foi leiloada nos EUA, no mês de janeiro de 2011 (estado de conservação MS 65 - FDCE). A raridade do exemplar se deve não somente à própria moeda (são muito raras, no mercado, as moedas de 3.200 Réis), mas também ao seu excepcional estado de conservação e a particularidade das datas emendadas. A descrição do catálogo americano a define como “Gem Uncirculated”. Sem dúvida, um dos mais belos e raros exemplares de moeda brasileira que tem aparecido nos mercados nacional e internacional, nos últimos anos. Uma verdadeira jóia da nossa numismática. Foto e detalhes ampliados. Valor final de arremate: US$ 43,125.00. A seguir, a foto de anverso, ampliada.

O mercado numismático, assim como o das artes em geral, é influenciado por diversas variáveis, sendo a mais notável a lei da oferta e da procura. Assim, nada mais honesto e justo que dar ao leitor a cotação da época, baseando nossa avaliação na tendência do mercado; esta é a nossa filosofia. Essa "necessidade" de se alterar os preços de todas as moedas não corresponde à realidade. Em alguns casos, o preço de um exemplar pode permanecer inalterado ou mesmo sofrer um decréscimo de um ano para outro, fato que constatamos apenas em pouquíssimos catálogos. É o caso das moedas em estado precário, moedas limpas, adulteradas, datas comuns em estado comum. São exemplares que podem servir aos neófitos, aos iniciantes que não irão amargar grandes prejuízos, desembolsando cifras relativamente baixas em moedas que apesar de atenderem o quesito "colecionismo" não chegam a se configurar como um seguro investimento e consequente retorno do capital investido.



Vamos usar, como exemplo, três moedas de 960 réis (mesmo tipo, mesma data, mesma letra monetária. Enquanto a da extrema direita é considerada moeda comum e vulgar, as outras são invulgares em seu conjunto. Aqui é o estado de conservação a determinar as diferenças de preços. Enquanto o exemplar da extrema direita pode ser encontrado com facilidade no mercado, a preços na linha dos US$ 50 dólares, o da extrema esquerda (MS61) é uma moeda incomum, bem mais difícil de se encontrar no mercado se comparada com a moeda da extrema direita. A moeda do centro (MS63) quase se coloca no âmbito das raridades (raro não significa precioso) devido ao seu incomum e quase singular estado de conservação.
Fica evidente aqui, que os preços não se devem a data (comum), ou à Casa Monetária, mas ao estado de conservação, muito diferente quando comparados entre si. Enquanto a moeda da esquerda, por ser muito comum e encontrada aos milhares no mercado, não irá sofrer variações de preços com o passar do tempo, os outros dois, principalmente o da figura do centro, irão valorizar sobremaneira. Enquanto os US$ 50 dólares pagos na moeda da direita não chegam a ser um investimento, podendo inclusive configurar-se em prejuízo caso o proprietário queira se desfazer do exemplar, as outras duas, principalmente a do meio, são certeza de  um investimento seguro, com ganho certo.















O grau de conservação determinando a raridade:

Como dissemos em outras oportunidades, o que determian o grau de raridade de uma moeda não é apenas a quantidade de exemplares cunhados, a sua variante ou a sua "antiguidade". Todos estes fatores, aliados à lei da oferta/ procura, interesse e, também, ao estado de conservação da moeda formam o conjunto que determina o quanto um exemplar é raro.

Um exemplo de como o estado de conservação influencia no preço, pode ser dado por um exemplar do 2.000 Réis de prata, da República, data 1913A (estrelas soltas), leiloado recentemente nos EUA. Aparentemente uma moeda comum, em data única (1913), todas cunhadas na Alemanha (letra monetária A). A cotação para exemplares FDC é relativamente baixa, justamente por não ser difícil encontrá-los nesse estado de conservação (FDC). Porém, a moeda leiloada nos EUA, vai além do estado FDC. É classificada como PCGS Proof 67. Em outras palavras, é única, já que não se tem notícia de outra semelhante no mercado numismático.

Figura: República - 2.000 Réis 1913 A, em excepcional e único estado de conservação (PCGS proof 67), leiloado nos EUA em 2011, valor final: US$ 9.200,00. A série completa, composta dos demais valores, 1.000 Réis e 500 Réis, foi negociada no mesmo leilão, alcançando a espetacular cifra (para uma moeda comum) de US$ 19.219,50 para as três peças, sendo US$ 5.462,00 para o 1000 Réis e US$ 4.557,50 para o 500 Réis.

A regra deve ser: Não são as moedas (as genuínas peças de coleção) que devem se ajustar às vicissitudes da vida, às dificuldades financeiras das pessoas ou às crises econômicas de um país. As moedas de coleção, em estado de conservação superior à média, mantém seu preço de mercado, valorizando mesmo em períodos de crise.

Fim do artigo