Glossário Numismático - Uma letra por semana

Uma letra por semana


A

Abacis —  Moeda usada na Índia Portuguesa e colônias da África do Leste. (Teixeira de Aragão, Descrição geral e histórica das moedas cunhadas em nome dos reis, regentes e governadores de Portugal).

Abasi — Moeda de prata de origem persa. Cunhada originariamente em nome do Shah Abas I (1587/1629). Padrão adotado também pela Geórgia, que emitiu essas moedas entre 1744/72.

Abecedário: Feitio das letras das moedas, denotando as características e estilo de cada gravador possibilitando, por exemplo, a identificação da Casa da Moeda, quando da ausência de letra monetária.

Abbey (Abbey pieces) — Moedas e tokens emitidos pelo monastério de Abbey na idade média, que tinha o privilégio do direito de cunhagem.

Abidi — Moeda de meia rúpia (de prata) do Estado nativo indiano de Mysore.

Abraemos — Moeda cunhada pelos portugueses para uso nas possessões da Índia.

Abreviação (abreviatura) — Sinal constituído por uma só letra ou por um grupo de letras em substituição de uma palavra ou mesmo de uma expressão. 

Abschlag — Palavra de origem alemã usada para designar a moeda relançada (restrike) usando-se os cunhos originais, a exemplo das moedas de 100 pesetas de ouro de Alfonso XIII da Espanha, batidas décadas depois do fim do século XIX com os mesmos cunhos.

Abridor (de cunho) — Sinônimo de gravador. Responsável pela abertura dos cunhos, tanto de medalhas quanto de moedas.

Abundantia (latim) — Na mitologia romana é a personificação da abundância e da prosperidade. Muitas vezes confundida com Annona que aparece representada com espigas ou ramos de cereais na mão, Abundantia é a custode da cornucópia ou corno da abundância, com o qual distribuía comida e dinheiro. As versões origem da cornucópia são semelhantes na mitologia grega e na romana: o rei dos deuses, tendo acidentalmente quebrado o corno da cabra Amaltea, prometeu que este estaria sempre cheio dos frutos de seu desejo. Seguidamente o corno foi entregue aos cuidados de Abundantia que com o tempo se transformou na sua versão francesa Dame Habonde, também conhecida como Domina Abundia e Notre Dame d’Abondance, figura encontrada em toda mitologia teutônica e nas poesias da idade média. É representada em moedas e cédulas como símbolo de prosperidade e riqueza.

Abobrinha — Denominação popular da cédula de 1.000 cruzeiros (CR$ 1.000,00).

a.C. — Abreviação de “antes de Cristo”.

Acostado —  Encostado ou ladeado.

Acro, acre ou agro — Quebradiço. Diz-se do metal não maleável nem dúctil. Antônimo de doce.

A.D. (abrev.) — Anno Domini, ano do Senhor. Em língua portuguesa é mais comumente usada a abreviatura d.C. (depois de Cristo).

Adminiculo — Ornamento que contorna a figura numa moeda ou medalha.

Adha — Meio Mohur (moeda de ouro) cunhada no Nepal dos Rajas Mallas, séc. XVII.

Adhada — Moeda de conta usada nos Estados nativos indianos de Cutch e Kathiawar, equivalia a 1/96 de Khori.

Adheeda — Nome dado a moeda de prata de 8 Anna, do Nepal.

Adhela — Moeda de cobre do Hindustão, equivalente a meio Dam.

Adlea/Adli — Moeda de bolhão com banho de ouro emitida pelo sultão Yusuf Pasha de Trípoli (Líbia) em 1827, com o curso forçado de uma peça espanhola de 8 reales (“spanish dollar”). 

Adler Pfenning — Nome dado a algumas moedas de prata/bolhão circulantes em certos Estados alemães, que tinham dupla águia.

Adoçamento — Ação de adoçar o metal.

Adoçar — Tornar dúcteis os metais com emprego do fogo e reagentes químicos.

Adulterada — Diz-se da moeda modificada (data, legenda, letra monetária, etc), em geral a escopo de enganar o colecionador.

Aes (rude, grave, etc) — Do latim, significando bronze. Moeda da Republica Romana. É um termo largamente utilizado para definir as antigas moedas greco-romanas desse metal ou de cobre. Não possuiam gravação e nem marca que indicasse Estado emissor ou qualquer valor. Entre 320/280 a.C., surgiram peças de cobre/bronze mais elaboradas e até maiores, que traziam figuras de animais, de cereais ou objetos. Esses sinais indicavam já uma equivalência com a “libra” romana (velha unidade de peso). Eram os “As Signatum” (com sinais), que viriam a substituir o velho “Aes rude”. Após 280 AC, começaram a surgir os “Aes Grave” ou Aes Libral, nome dado de acordo com seu elevado peso. Foram substituindo o antigo.
Aes Signatum. Eram moedas redondas, tendo o peso de 1 libra romana (cerca de 325 gramas), e traziam a indicação “I”, que indicava o valor de 12 onças. Surgiram as denominações divisionárias dessa moedas: 1/2 Aes = Semis. 1/3 de Aes = Triens. 1/4 de Aes = Quadrans. 1/6 de Aes = Sextans. 1/12 de Aes = Uncia.

Asse (Aes signatum, librale ou grave. Jano bifronte com sinal de valor (talho sobre o pescoço); Proa de nave à direita com sinal I, de valor, tudo sobre disco em relevo. Em numismática se entende por moeda fundida, as emissões em bronze do IV e III séculos a.C., realizadas pelas diversas populações da Itália central, em substituição ao antigo Aes Rude, e que traziam como uma das características a associação de peso ao seu valor intrínseco, indicado através de um sinal distintivo (Aes Signatum). O standard de peso inicial era a libra paleoromana (osco-latina) de peso 272,87 gramas. Os valores vão do Asse à onça (uncia, em latim). O peso dos Asses e dos seus submúltiplos, experimentaram uma gradual redução, mantendo todavia o seu valor mercantil. Nas primeiras emissões (primeira série), um Asse pesava 272,87 gramas, tanto quanto uma libra latina, sendo o peso dos seus submúltiplos diretamente proporcional a esse valor em gramas; um semisse (semiasse) que valia 1/2 Asse, pesava 136 gramas, e assim por diante até a onça de valor 1/12 do Asse (22,74 gramas). Nessa série de Asses de libra, todas as moedas eram fabricadas por fusão. Durante o IV século a.C., nos conta Lívio que, por volta de 356 a.C., os romanos passaram a adotar a libra de 327,45 gramas, partindo do peso do Talento de 32,745 gramas, época em que o Asse sofre a sua primeira redução em função do momento da economia romana e como consequência da quase total destruição imposta pelos gauleses por volta de 390 a.C. Nessa primeira redução surgem a semi-onça e o quarto  de onça de pesos, respectivamente, 6,82 gramas e 3,41 gramas. As quatro primeiras (asse, semisse, triente e quadrante) continuaram sendo fabricadas pelo método da fusão, enquanto as quatro últimas (sestante, onça, semi-onça e quarto de onça) eram já cunhadas. Os romanos entenderam que o Asse de peso teórico 163,72 gramas não era suficiente para afrontar as transações comerciais de grande volume. A mentalidade sobre o valor intrínseco da moeda, como forma de medir o valor das mercadorias, tinha dificuldade em adaptar o sistema monetário a uma redução de quantidade de metal, consequência disso, adotaram um numerário que fosse mais consistente, tendo à disposição apenas o bronze, na falta do ouro ou a prata. Assim recorreram a emissão de múltiplos do Asse, criando o Decusse, o Tresse e o Dupondio, valendo respectivamente, 10, 3, e 2 Asses. Sucessivas reduções no sistema monetário dos romanos (sete, no total), terminaram por levar o Asse ao peso de 13,64 gramas, decretado segundo a Lei Plautia-Papiria de 89 a.C.


Afinação, afinagem ou afinamento — Operação pela qual se purificam os metais, principalmente o ouro e a prata. Parte do processo de inquartação (liga em que o metal principal entra na proporção de um para três) e apartação (separação dos metais) com o uso de ácido sulfúrico ou nítrico.

Afinado — Metal que foi submetido ao processo de afinação.

Afinar — Elevar o título dos metais preciosos, purificando-os.

Afonso de ouro — Cruzado de ouro português cunhado por D. Afonso V.

Ag/Ar (abrev.) — Do latim argentum, utilizado na representação abreviada da prata.

Algarismo — A representação gráfica do singular dígito de um número.

Akcheh (Othmani) — Pequena moeda de prata  (turquia), muito comum e popular durante quase todo o período de existência do império otomano e seus domínios.

Akbtar — Moeda de cobre de 5 cash do Estado indiano do Mysore, em 1792.

Alamgiri — Pequena moeda de cobre com curso no principado indiano de Deccan. Valia 1/64 de rupia.

Albus — Também conhecida como “pffenig branco”. Moeda que trazia inicialmente o retrato de S. Paulo, introduzida no Estado alemão de Trier (bispado) pelo bispo local, em 1368. 

Almocrafe — Enxada estreita e pontiaguda, curvada em ângulo reto, usada na mineração do ouro.

Alpaca — Liga metálica de níquel, zinco e cobre, também conhecida por metal branco, prata níquel e argentão. Composição: Cu 610 – Zn 200 – Ni 190.

Alumínio (AL) — Metal Branco prateado, leve, resistente, descoberto por Wholer em 1827, usado em alguns períodos, na confecção de moedas. As primeiras moedas de alumínio foram cunhadas em 1907, para o protetorado de Uganda (1 e 1/2 cent), seguidas do 1 centavo de Durango (México), em 1914. Em data anterior, foi cunhado em Paris o raríssimo ensaio de 100 réis de 1871, reproduzido no catálogo J. Guttag de 1929, sob o número 803).

Alvéolo — Invólucro onde se podem armazenar as moedas e/ou medalhas. Pequenos “envelopes”, onde se introduzem as moedas. Podem ser do tipo autocolante ou pinçados com grampos.

Amalgamação ou amalgamento — Ato ou efeito de amalgamar; misturar confusamente; confundir.

Amoedado — Posto ou reduzido em moeda.

Amoedagem — Ato de amoedar, transformar em moeda; cunhagem de moeda. 

Amoedar — Reduzir à moeda; cunhar (moeda). 

Anepígrafe — Sem legenda.

Anômala — Diz-se da moeda fora do normal, em geral com defeito de cunhagem.

Annona (mitologia) — Geralmente confundida com Abundantia. Para os romanos, garatia a colheita anual.

Antoniniano — Moeda de prata de baixo teor, instaurada por Caracalla com um peso de 5,45 gramas e distingue-se por ter a efígie do Imperador usando uma coroa radiada.

Antoniniano (antoninianus) — Antiga moeda romana, equivalente a dois denários. Inicialmente cunhada em prata, sua progressiva desvalorização fez com que emissões posteriores passassem a ser em bronze. Foi criado durante o reinado de Caracalla, no início de 215 d.C., em prata e semelhante ao denário, embora fosse um pouco maior e com a efígie do imperador com uma coroa radiante, o que indicava seu valor como sendo o dobro do denário. Embora valesse o dobro, o peso do antoniniano jamais ultrapassou a 1,6 vezes o do denário, o qual continuou a ser emitido até o século III d.C. A completa substituição do denário pelo antoniniano deu-se durante o reinado de Gordiano III. À medida que a situação política e econômica do Império Romano se agravava, o antoniniano foi gradualmente desvalorizado, com a inclusão de cobre e estanho de maneira a formar um bilhão (liga com baixa quantidade de metal precioso) de aparência semelhante à prata. A partir do reinado de Galiano, apesar de o conteúdo de prata do antoniniano ser então muito baixo (entre 5 e 10%), a moeda era tratada com uma solução ácida de modo a remover o cobre da superfície, deixando-a com uma aparência de prata. Aureliano alterou o antoniniano, fixando o teor de prata em uma parte para vinte de cobre. Tal emissão é marcada no reverso da moeda pela inscrição XXI no ocidente e KA no oriente. O antoniniano prateado continuou a ser cunhado até a reforma monetária de Diocleciano, no final do século III. O termo “antoniniano” é uma designação moderna, baseada no nome de Caracalla (Marco Aurélio Antoniniano), o primeiro imperador a emitir esta moeda. O nome utilizado à época de sua circulação não é conhecido. A moeda também é chamada por alguns numismatas de “radiante”, devido à coroa usada pelo imperador na efígie.

Anverso — Face principal de uma moeda ou medalha; aquela que apresenta as figuras e/ou legenda mais importante. Representa quase sempre a entidade emissora. Geralmente é a face constituida pela figura do soberano ou chefe de estado do País emissor. Visto que nem sempre o tipo e a legenda estejam reunidas na mesma face, alguns numismatas denominam de anverso o lado batido mediante o cunho inferior (cunho de bigorna). Na giria popular designa-se por «cara» e em geral abrevia-se “ANV.”. Quando era cunhada manualmente, num procedimento bastante artesanal, o lado da moeda que se encontrava voltado para a “bigorna” era sempre o anverso, sendo o reverso a receber o golpe do martelo. Hoje, com as moedas cunhadas mecanicamente, num processo industrial, não existe mais um “lado da bigorna”. Então, qual lado é o anverso e qual o reverso da moeda? 
Nesse caso devemos adotar uma ordem de prioridades ao estabelecer quem é um (anverso) e quem é o outro (reverso) das moedas em que haja dificuldade em determinar um ou outro:
1) O anverso contém o retrato  A figura, o busto, a efígie do homenageado, por assim dizer - Se nenhum dos lados (ou se ambos) tem retratos, aplicamos a condição número 2, a seguir:
2) O anverso é diferente  Em outras palavras, o anverso não é comum a uma série. Um bom exemplo disso é a moeda do Euro, que não tem um retrato, porém cada pais tem seu próprio design para uma face da moeda, com um outro comum a todos os paises, na outra face. Diz-se que tais moedas condividem o mesmo reverso, opinião unânime entre os colecionadores.
Essa regra se aplica também a um país que, digamos, tenha um escudo de armas (ou algum outro objeto comum) em sua cunhagem (sem retratos). Se o objeto comum aparece em múltiplos valores, o lado sem tal objeto é o anverso.
3) Caso a moeda não satisfaça uma das condições anteriores (1 e/ou 2), o lado que traz o nome do pais (Estado emitente) deverá ser considerado o anverso.

Anverso - É o lado da moeda que contém as informações principais, tais como a data, letra monetária e o soberano que, geralmente, vem representado com o busto de perfil voltado à direita ou à esquerda como no exemplar acima.

Apagada — Diz-se da legenda ou gravuras em moeda muito gasta.

Apartação — Processo pelo qual se separa, com o uso de ácido nítrico, sulfúrico ou oxálico, o ouro da prata. Sinônimo de afinação.

Apartado — Metal que sofreu a apartação ou afinação.

Apartar — Praticar a apartação ou afinação.

Apex — Barrete sacerdotal de lã, de forma pontiaguda, com um pedaço de galho de oliveira no bico.

Apuração — Nas Casas da Moeda, era a operação de separar o metal dos resíduos caídos no chão das oficinas.

Apurado — Diz-se dos resíduos, terras, etc, que sofrerqm apuração.

Arames — Na linguagem popular regional, dinheiro.

Arcos — Linhas curvas com que é formada a coroa e sobre as quais são agrupadas as pérolas. A contagem das pérolas na coroa, se faz pelos 2 arcos externos, seguida dos 2 arcos internos e, por fim, pelos 2 arcos intermediários (ex: 5x6 — 3x3 — 8x9). Na Índia, era o nome dado à moeda antiga que também levava o nome de "roda".

Área — Ver campo.

Armas (heráldica) — Brasão.

Armila — Círculo da Esfera Armilar, que é formada por dez aros ou círculos fixos e móveis que representam as órbitas dos astros no plano celestial.

Arratel — Antiga unidade de peso do sistema de medidas manuelino (D. Manuel I), equivalente a 458,996 gramas, que correspondiam a 2 marcos portugueses. Verificar tabela abaixo.

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Arruela — Pequeno círculo, similar aos besantes, mas com esmaltes (cores).

Aspergillum — Instrumento feito com crinas de cavalo presas a um cabo com que se fazia a aspersão da água lustral antes dos sacrifícios pagãos aos deuses menores, entre os romanos.

ASS ou AS — Antiga moeda de bronze, dos romanos. Unidade dromana de peso, alterada diversas vezes ao logo da história. (ver Aes).

Atena — Ver Minerva.

Atravessado —  Diz-se das ligas de ouro e prata em desproporção.

Aulópide — Elmo grego muito antigo.

Au (abrev.) — Do latim aurum, ouro.

Augustus (sagrado, religioso) — Otávio, quando reuniu nas suas mãos todos os seus poderes, quis fazer decretar pelo Senado um novo nome para si que representasse a soma de todos os poderes e fosse legado para si e para os seus sucessores, o sinônimo de Imperador.

Augustale —  Moeda de ouro mandada cunhar pelo imperador Federico II a partir de 1231, nas Casas da Moeda de Messina e Brindisi. 

Augusteo — Relativo à Augusto.

Aureliano — Moeda de cobre ou bronze, com uma percentagem de 5% em prata, equivalente a 5 denários de bronze. Peso 3,50 % g. Busto com coroa radiada. 

Áureo —  Moeda em ouro cunhada durante o Império Romano. O seu peso teórico era de 8,15 gramas.

Esplêndido áureo de Cômodo, batido durante o governo de Marco Aurélio. COMMODO CAES AVG FIL GERM / LIBERALITAS • AVG. Casa da Moeda de Roma (19.5mm, 7.02 g, 6h). Acervo particular Bentes. Do latim, aureus (plural aurei), era uma antiga moeda romana de ouro, equivalente a 25 denários de prata. Foi emitido regularmente desde o século I a.C. até o início do século IV d.C., quando foi substituído pelo soldo (solidus). O áureo tem aproximadamente as mesmas dimensões do denário mas é mais pesado, devido à maior densidade do ouro. A partir da época de Júlio César, o áureo passou a ser cunhado com mais freqüência. César também padronizou o peso da moeda: 1/40 da libra romana (ou seja, c. de 8 gramas). Durante o reinado de Nero, o peso do áureo foi reduzido para 1/45 da libra. Após o reinado de Marco Aurélio, a produção do áureo declinou e, com Caracala, o seu peso foi mais uma vez reduzido para 1/50 da libra. O áureo foi substituído pelo soldo em 309 d.C., durante o reinado de Constantino. O soldo apresenta um diâmetro maior e é menos espesso do que o áureo.

Azougue — Antiga denominação para o mercúrio.


B


Bacco (Dionísio) — Deus romano do vinho, filho de Júpiter.


Balancim — Instrumento (prensa de parafuso ou rosca) através do qual foi melhorado o processo de cunhagem, diminuindo o esforço e aumentando a pressão exercida, mais uniformemente, no disco (ver definição). Dos mais variados tamanhos, servia para cunhar das menores moedas até os grandes patacões. Aos poucos este “engenho” foi sendo adotado por todas as Casas de Moeda européias e do novo mundo. Com exceção das moedas batidas pelos holandeses no Recife, as primeiras moedas cunhadas em solo brasileiro, a partir da abertura da Casa da Moeda da Bahia, em Salvador, em 1694, foram feitas com este tipo de engenho.


Um dos tipos mais notáveis de instrumento de cunhagem, foi o criado no século XVI, com a invenção do balancim (figura), também chamado de prensa de parafuso ou rosca. Eram dos mais variados tamanhos, para cunhar das menores moedas até os grandes patacões.
Aos poucos esse “engenho” foi sendo adotado por todas as Casas da Moeda européias e do Novo Mundo. Com exceção das moedas batidas pelos holandeses no Recife, as primeiras moedas cunhadas em solo brasileiro, a partir da abertura da Casa da Moeda da Bahia, em Salvador, em 1694, foram feitas com este tipo de cunhagem conhecida como mecânica.Em dezembro de 1855, houve um grande avanço tecnológico com a introdução de uma máquina de cunhar movida a vapor. Em 11 de fevereiro de 1860, foi inaugurada na Casa da Moeda, uma prensa a vapor totalmente construída no Brasil, posteriormente adaptada para trabalhar com energia elétrica.

Batida — Sinônimo de “cunhada”, geralmente a martelo.


A batida permitia a obtenção de moedas de pequenas dimensões, em grande número, e com um elevado detalhe dos relevos, em troca de um escasso espessor, dado que os detalhes devem ser retirados da própria espessura do disco virgem e a impressão do cunho não consente grandes variações de cota e aumento dos relevos. A cunhagem da moeda necessita de uma série de operações, da realização do cunho à preparação dos discos; do corte destes à cunhagem e aos detalhes e ajustes finais, que requerem um ciclo industrial refinado e evoluído. Não se pode prescindir do conhecimento e maestria da produção e uso do aço, por exemplo, dado que somente com um cunho mais duro do que o material do disco a ser cunhado, se obtém a impressão da figura a relevo na moeda. Para cunhar moedas é portanto necessária a presença contemporânea de diversos trabalhadores e artesãos (mineradores, fusionistas e metalúrgicos, incisores e polidores); num elevado nível de civilidade e tecnologia.

BC  — 1) Abreviação de bem conservada; equivale à classificação fine.
            2) Sigla inglesa para Antes de Cristo (Before Christ).

Bilhão — Liga em que a prata intervém numa quantidade nunca superior a 500‰. Também designado por “BELHÂO”, “BILHAN”, “BILLON”, “BOLHAN”, “BULHAN”, e, “VELLON” (prata baixa com cobre), utilizado em Portugal na Amoedação desde D. Afonso Henriques.

BI — Liga metálica muito utilizada recentemente em amoedação de vários Países. Em Portugal as Moedas de 100$00 e 200$00 desde 1989 e 1991 são Bi-Metálicas e com as composições: Cu-Ni (Cu 750 – Ni 250) e Latão/Níquel (Cu 790 – Z 200 – Ni 10). Quase todos os Países Europeus adoptaram em várias moedas por esta Liga: Itália, França, San Marino, Espanha, Inglaterra, Finlândia e Rússia. Composição: Cu-Ni (Cu 750 – Ni 250 e Lt / Ni (Cu 790 – Z 200 – Ni 10).

Biga — Elemento representado em muitas moedas gregas (Siracusa), e em algumas Romanas. Constitui-se em carro trainado por dois cavalos. Dependendo do número de cavalos, tem-se biga, triga ou quadriga.

Bordo — Superfície curva de uma moeda que determina a sua espessura. Pode ser serrilhada, ornada, lisa ou com legenda.
Nota: Bordo e Rebordo - Estes termos podem parecer sinônimos, porém existe uma distinção entre eles. O rebordo é o limite extremo da orla, é ligeiramente mais alto que as figuras e legendas,  para impedir o seu desgaste rápido. Desempenha um papel importante nas moedas modernas por permitir que seja mais fácil empilhá-las.
O rebordo é uma linha de metal saliente que corre ao longo do perímetro. Os rebordos podem ser delgados ou espessos, lisos ou ondulados. No entanto, na grande maioria das moedas modernas, o rebordo é relativamente fino. No rebordo existe normalmente um anel de finos ornamentos, tanto gotas circulares como dentes alongados. Esse é o tipo de pormenor que apresenta tendência para variar de uma cunhagem para outra, e os colecionadores procuram minúsculas variações ou muitas vezes limitam-se a contar essas gotas. O lado da moeda vista na vertical é designado por bordo. É a parte mais estreita da moeda que corresponde à sua espessura. Pode ser serrilhado, ornado, liso, com legenda, etc.

Boró —  Nome popular de pequenos vales de particulares, firmas ou municipalidades do Ceará, que durante dezenas de anos circularam abusivamente como moeda legal naquela província e em algumas outras do norte do Brasil.

Borrusquê (pl. Borrusquês) — Vales que os comerciantes, industriais e instituições de beneficência emitiam para suprir, diziam, a falta de troco e que circulavam como dinheiro. Os borrusquês do Bispo eram emitidos pela Caixa Pia da Diocese e assinados por ele. O nome desses vales vem do negociante Barrusque, que foi seu introdutor em Diamantina.

Braçagem (ou braceagem) — A princípio era a remuneração percebida pelos moedeiros; mais tarde, eram as taxas cobradas por ocasião da cunhagem, a título de pagamento das despesas de material e mão de obra. Em outros termos, era o preço da cunhagem cobrado ao possuidor de ouro em barra ou prata em pinha ao mandar converter esses metais em moedas.

Bracteas (ou Bracteatas) — Trata-se de moedas cuja cunhagem foi iniciada na Suécia em fins do século VIII, extendendo-se depois a outras nações da Europa, e principalmente às da Alemanha, onde se manteve até o fim do século XVII. As peças são feitas de folhas de prata tão fina, que em muitas localidades se tornou hábito cortá-las à tesoura para obter valores divisionais. Na época essas peças tinham nome de Denários, nome conservado mais tarde apenas para as moedas com duas faces, enquanto as demais, desde o aparecimento em 1368 de um glossário sobre um documento de Mayença, tomaram o nome latino de Bractea (folha metálica muito fina), por sua vez derivado do grego Bráchô (fazer ruído). A cunhagem destas moedas gozava de muita popularidade, por ser apenas necessário um único cunho, feito até de madeira dura, que, assim mesmo, era de grande durabilidade, dado o pouco esforço necessário para nele amoldar as finas películas metálicas. Em poucas palavras, o processo de cunhagem era o seguinte: O cunho era imbutido em um cepo e colocado sobre ele a chapinha já recortada. Em cima da chapinha, se punha um pedaço de chumbo, que, recebendo os golpes do martelo, obrigava as lâminas de prata a amoldar-se ao relevo do cunho. Em muitos casos, para abreviar o trabalho, várias lâminas sobrepostas eram colocadas dentro de um estojo forrado de chumbo. Dando os golpes sobre este estojo, várias lâminas eram cunhadas de uma vez.

Brasão — Escudo de armas. Em 1962, houve um projeto de lei querendo dar ao Cruzeiro o nome de Brasão.

As regras (convenções) de sinais das peças internas confundem-se, com frequência, com a convenção das partições do escudo; mesmo porque algumas formas das peças são geometricamente iguais às de algumas partições. A diferença básica entre elas é que na convenção das partições, as formas geométricas são usadas apenas para identificar e localizar (ao interior do escudo) as cores, os detalhes, as diversas figuras, etc. Na convenção das peças internas, as formas geométricas são usadas para simbolizar uma honraria obtida pelo detentor do escudo.

A Heráldica se expressa por meio de uma linguagem impregnada de referências às guerras e aos torneios de cavalaria, que constituem a sua gênese. As peças internas do escudo simbolizam honrarias obtidas pelo seu portador e as divisões básicas correspondem aos quatro grandes golpes de armas, conforme a direção: Partido, Cortado, Fendido ou Talhado. Na figura acima, na fileira de baixo, o segundo escudo (em Cruz), da esquerda para a direita, simboliza a espada do cavaleiro, muito usado por nobres e cavaleiros nas campanhas das Cruzadas. Foi justamente essa configuração a escolhida por D. Afonso I, o primeiro rei de Portugal, em meados do século XII, ao tomar por escudo um campo de prata, centrado por uma Cruz azul (figura a seguir).

Seu filho, o rei Sancho I, por ocasião da explosão da moda ditada pela heráldica, alterou a representação da Cruz, adotando a forma com escudetes “cravejados” de besantes de prata que serviam a reforçar a superfície do escudo, fixando tecidos , peles, couro e metais. A mudança, na época, foi considerada muito oportuna e de acordo com o gosto heráldico naquele momento.
Por fim, o rei D. Afonso III, incluiu os castelos herdados de seu avô, D. Afonso VIII de Castilla, em torno a 1250. Para tanto, alterou a forma primitiva para aquela clássica, usada ainda hoje. Durante a ocupação de Ceuta, o escudo português terminou por dar origem àquele da cidade autônoma, hoje pertencente ao território espanhol.

A diferença do escudo de Ceuta (à direita) para aquele português (à esquerda), é estabelecida em dois elementos do escudo:
  1. Enquanto o escudo de Ceuta carrega uma coroa de marquês, o escudo português ostentava uma coroa real, própria das marcas e hoje abolida.
  2. A posição dos castelos da bordadura. Nas armas de Portugal, os castelos estão dispostos de forma que a ponta do escudo esteja vazia, não contendo castelos. Já no escudo da cidade autônoma de Ceuta, os castelos estão dispostos em ponta e flancos, deixando o chefe vazio. Tal diferença foi estabelecida na confecção do escudo, não sendo acidental como defendem alguns autores.

Broaca — Pequeno surrão (bolsa) de couro em que os mineiros brasileiros, no período colonial, carregavam seu ouro em pó ou em granetas.

Brocal (her.) —  Guarnição de aço nos escudos.

Bronze — Liga “Cor de Cobre” que nas primeiras moedas da República Portuguesa continha Cu 960, Sn 20, Z 20, largamente utilizado por quase todos os Países, com mais ou menos Cobre, Estanho e Zinco. Vários outros metais lhe podem ser incorporados: Chumbo, Alumínio, Fósforo, Magnésio..... nas proporções a que se destinam. Adotada na cunhagem monetária metropolitana desde 1882 e deixou de ser utilizada em 1922.
Composição:
1 – Cu 960 – Zn 20 – Sn 20
2 – Cu 950 – Z 30 – Sn 20
Liga de cobre, estanho e zinco (e as vezes outros metais) com os quais são feitos moedas de pequeno valor. Nome dado particularmente às moedas romanas deste metal, habitualmente classificadas em três tamanhos:
  • Grande Bronze = GB (Sestércio)
  • Médio Bronze = MB (Dupôndio)
  • Pequeno Bronze = PB (As)

Tendo havido várias reduções no peso-padrão das moedas, acontece frequentemente que uma moeda GB de um período corresponda em tamanho a um MB de outra época. Bronze também é o nome popular dado para o dinheiro.
Nota: As designações Grande Bronze (GB), Médio Bronze (MB) e Pequeno Bronze (PB), das moedas imperiais romanas, com módulos e pesos diferentes, originavam por vezes confusão, pois um MB de um imperador chegou a ser mesmo módulo dum GB de outro.
Também o GB, indistintamente equivalia ao “Sestércio” (4 Asses), embora o MB, indistintamente equivalia ao “Dupondio” (2 Asses) ou só um Asse, dada a dificuldade de destinguir um do outro. O PB correspondia às divisões mínimas do Asse (Semis, quadrante)

Bronze-alumínio — Liga moderna para moedas, de invenção francesa, composta de cobre, alumínio e zinco.

Buchela — Pinça de ferro ou aço, com que se pega nos pesos quando se procede à pesagem dos ensaios. Também usada por cravadores de pedras preciosas.

Buril — Instrumento pontudo de aço, usado pelos abridores para gravar os cunhos de moedas e medalhas.

Busto — Parte superior do corpo humano, abrangendo cabeça, ombros, peito e parte dos braços da figura representada na moeda. Empregam-se os seguintes termos para classificar o tipo: Esquerdo, direito ou de frente.

  • Fronteiros - quando dois bustos estão virados de frente um para o outro.
  • Opostos - sinônimo de fronteiros.
  • Ladeados - quando dois ou mais bustos um ao lado do outro.
  • Conjugados - quando dois ou mais bustos, voltados para o mesmo lado, se cobrem parcialmente.

Búzio — Também chamado de cauri, cauris, coris, gimbo, guibongo ou zimbo. É a concha marinha Cyprea Caurica de Lamerck, denominada Cyprea Moneta, encontrada principalmente nas ilhas Maldivas, e que circulou como moeda no Sião, na Índia, na África, etc - em 1780, no Sião 800 cauris valiam 66 Réis portugueses. Esta concha nunca foi encontrada no litoral brasileiro, embora o afirmem romancistas do passado.


C


Cabral (pop.) — Cédula de 1.000 cruzeiros.

Cara — Ver anverso.

Cachorro (pop.) — Cédula de 5.000 réis.

Cádmio (Cd) — Um dos metais que aparece em vestígio no Zinco (Z) fundido com o chumbo (Pb), o estanho (Sn) e o Ferro (Fe)

Cadinho — Recipiente cônico de porcelana refratária onde se derretem os metais preciosos, com o uso de chama das forjas.

Caduceu — Vara de louro ou de oliveira, terminando em duas asas, na qual se enroscam serpentes. Era a insígnea de Mercúrio.

Calain (Cal) — O Estanho (Sn) do Oriente. Portugal cunhou na Índia (Goa, Damão, Diu, Chaul, Baçaim, Bombaim, Ceilão, Malaca) nos séculos XVI a XVIII, vários tipos de moedas, nomeadamente os Bastardos, Dinheiros, Bazarucos, etc, que tiveram larga expansão, chegando a tomar o nome de “Calainos”. Recentemente, algumas destas moedas foram convenientemente analisadas e reconhecem-se que são exclusivamente de Zinco (Z). Foi também importado da China. O Estanho era ligado a pequenas porções de Chumbo e Cobre.

Campo — Superfície das faces de uma moeda ou medalha, sobre a qual são incisas as gravuras, inscrições e ornamentos. Em heráldica é a superfície do escudo.

Canoas — Mesas de lavagem de areias auríferas, cuja parte inclinada é coberta com couro de boi com os pelos voltados para cima e contra o sentido de fluxo da água; ou flanela onde antes da apuração da batéia se acumula o ouro. Outros nomes: Calha ou corredeira.

Capital — Derivado do latim “caput”; qualquer bem econômico que pode ser utilizado na produção de outros bens ou serviços.

Carimbada — Moeda onde foi aplicada uma contramarca.

Carimbo — Ver contramarca.

Caramínguas — Dinheiro miúdo.

Cartela — Espaço ornado de molduras e decorações no qual se coloca uma inscrição, uma divisa ou um brasão de armas.

Carumbé — Pequeno vasilhame de forma cônica que os mineiros usavam para transportar a água ou o cascalho virgem, até o local da lavagem.

Casa de Fundição — Local onde se fundiam metais para fabricação de barras de ouro, e eventualmente se cunhavam moedas. Exemplos: Casa de Fundição de Vila Rica, Casa de Fundiçao de Goiás.

Casa da Moeda — Local autorizado pelo governante a cunhar moedas (e relativos, como medalhas). Desde o Brasil Colonial foram várias as Casas da Moeda, entre elas a Casa da Moeda do Rio de Janeiro e a Casa da Moeda da Bahia.

Cash — Moeda de bronze da China com furo quadrado.

Catrabuxa — Escova de fios de latão, amarrados em forma de pincel, usada pror cinzeladores e também por alguns numismatas, na limpeza das moedas.

Caurí — Ver búzio.

Cédula — Papel moeda.

Ceitil — Moeda de cobre, que fez lavrar el-rei D. João I, em memória da cidade Ceita, Septa ou Ceuta, que conquistou aos Mouros. Valia a sexta parte de um real, que consta de seis ceitis.

Cercadura — Ver serrilha.

Cerceada — Diz-se da moeda cujo bordo foi limado ou raspado a fim de obter limalhas de metal precioso, diminuindo o seu peso legal.

Cerceio — Ação de cercear.

Ceres — Divindade mitológica romana, protetora das colheitas.

Certificado — Ver guia.

Chapinha — Disco de metal pronto para ser amoedado mediante cunhagem.

Chefe (her.) —  Terço superior do escudo. Peça honrosa.

Chibalo — Regime de trabalho forçado através do qual a administração colonial fornecia mão-de-obra barata aos colonos de grandes propriedades (a duração do chibalo era estipulada pelas autoridades locais). Em Moçambique — Trabalhador submetido a esse regime de trabalho.

Chimera (mit.) — Monstro de três cabeças.

Chop — Pequenas contramarcas aplicadas por cambistas chineses nas moedas de tamanho dollar, provando serem de prata de lei. As moedas sem este carimbo sofriam desvalorização de 2% do seu valor circulatório.

Chumbo (Plubum) (Pb) — Metal utilizado na Amoedação das Moedas Ibéricas, Hispano-Romanas: Castro Marim, Balsa (Tavira), Brutobriga, Silves, Dipo (Elvas), Alcácer do Sal, Évora, Mértola, Faro, Beja) e outras regiões e Países. Dado ao seu baixo valor e facilidade de cunhagem e fundição tem se prestado à falsificações de moedas, ensaios, selos e outros fins. Chumbo era também o nome dado na gíria lisboeta à antiga Moeda de Níquel de 100 Réis de D. Carlos I. Na Índia foi adicionado ao calaim e à tutenaga em 15 de Julho de 1716 para fabricar os "bazarucos"; a experiência foi suspensa em 25 de Julho de 1722 por não alcançar o resultado esperado.

Cifata — Moedas bizantinas em forma de concha.

Clâmide — Manto grego.

Classificação DEWEY — Sistema decimal, criado em 1837, por Melvil Dewey, para arquivo bibliotecário:
Nr. 332,4...Moedas metálicas.
Nr. 332,5...Moedas não metálicas.
Nr. 737......Numismática.

Clava — Maça, arma primitiva.

Claviculário — Chaveiro. Nas Casas de Moeda o responsável pela guarda e conservação dos punções, matrizes, cunhos, chapas, galvanos e gravuras destinadas à cunhagem das moedas, medalhas e impressão de cédulas, já utilizados ou por utilizar.

Clípeo — Escudo redondo.

Cob — Termo da língua inglesa, utilizado por numismatas, para macuquinas.

Cobertura: Total do lastro metálico que garante, no todo ou em parte, a moeda (principalmente a fiduciária) em circulação.

Cobre — Do latim cuprum, elemento químico de número 29 (CU), de peso específico 8,93 e fusão a 1083 graus Celsius. Metal dúctil e maleável, muito usado na fabricação de moedas. Um dos melhores condutores do calor e da electricidade.

Cobres (pop.) — Dinheiro.

Coelho (pop.) — Cédula de 10.000 réis.

Cofre — Na antiguidade, arca guarnecida com barras de ferro e provida com três fechaduras. No Brasil Colonial as chaves das fechaduras (cada uma delas) eram guardadas pelo Intendente, Tesoureiro e um dos Fiscais da Casa de Fundição.

Colar (1) — Anel de pérolas ou traços radiais usado para contornar a gravura incisa no campo das moedas, erroneamente chamado de cordão.

Colar (2) — Utensílio usado na cunhagem de moedas para evitar a saída do metal para fora do cunho. Se inciso, fornece a serrilha ao disco.

Colônia — Período da história brasileira que vai de seu descobrimento, até 1815.

Colunário (columnario) — Moedas hispânicas de prata de lei, pesando 26,928 gramas, tendo reproduzida em seu reverso as duas colunas de Hércules.

Concha — Ver búzio.

Conob — Sigla incisa no exergo das moedas de ouro bizantinas, que designava a pureza do ouro. CON representa a Casa da Moeda de Constantinopla e OB é expressão que serve tanto para representar o número 72 na numeração grega e “ouro refinado”, derivado de Obryzum em latim. Assim, OB significa 1/72 de libra de ouro puro. As legendas de anverso muitas vezes são pouco claras e no reverso prevalece uma adaptação grosseira da imagem da Vitória usada nas moedas romanas.

Justiniano I. 518-527 d.C. Solidus AV (21mm, 4,45 gr). Constantinopla, 4ª oficina, cunhada entre 519-527. DN IVSTI NVS PP AVG, busto com capacete couraçado ligeiramente à direita, segurando a lança por cima do ombro e escudo decorado com o soldado a cavalo / VICTORIA AVGGG (augustorum) , em pé, segurando cruz e globo; CONOB.
A moeda visigoda peninsular apresenta características complexas ligadas à cronologia, extremamente interessantes sob o ponto de vista histórico e artístico. As moedas pré-nacionais, foram batidas em nome de imperadores romanos, mas sem fazer menção ao seu próprio rei. No período de transição, associaram os nomes dos imperadores romanos ao dos reis visigodos (Justino II e Leovigildo) e, finalmente, as moedas nacionais que registram apenas os nomes dos soberanos visigodos, a partir de Leovigildo. Nas duas primeiras fases (pré-nacional e de transição), a tipologia obedece a um mesmo padrão geral, com anversos retratando bustos de frente ou meio-inclinados e a sigla CONOB no exergo, que designava a pureza do ouro. CON representa a Casa da Moeda de Constantinopla e OB é expressão que serve tanto para representar o número 72 na numeração grega e “ouro refinado”, derivado de Obryzum em latim. Assim, OB significa 1/72 de libra de ouro puro. As legendas de anverso muitas vezes são pouco claras e no reverso prevalece uma adaptação grosseira da imagem da Vitória usada nas moedas romanas.

Conservação — Graduação do estado de conservação das moedas. No Brasil vão de UTG (um tanto gasta) até FDC (flor de cunho).

Conto de réis — Nome dado em Portugal e no Brasil à quantia de um milhão de réis.

Contramarca — Letra ou símbolo aplicado em moeda, geralmente no anverso, com o objetivo de alterar seu valor ou restringir sua circulação à determinada localidade ou nacionalizá-las. No Brasil foram aplicadas as seguintes marcas oficiais:
  1. Carimbo de Minas - 960 réis
  2. Carimbo Mato Grosso - 960 réis
  3. Carimbo de Escudo (escudete)
  4. Carimbo Cuiabá (extenso) - 960 réis
  5. Carimbo C (Cuiabá) - 960 réis.
  6. Carimbo primitivo do Império.
  7. Carimbo ICÓ.
  8. Carimbo Ceará.
  9. Carimbo Maranhão.
  10. Carimbo Pará.
  11. Carimbo Piratini.
  12. Carimbo Geral.
Contramarcar — Aplicar uma contramarca.

Contraste — Pequena marca de punção utilizada por ourives e artesãos para identificar seu trabalho e o teor de pureza do metal utilizado na confecção de jóias, prataria, etc. À exceção do Brasil onde não é regulamentada por lei, a marca de contraste é obrigatória em praticamente todo o mundo.

Convenção latina — Em 23/12/1865 a França, Bélgica, Itália e Suíça realizaram uma conferência (em seguida denominada Convenção Latina), com a finalidade de uniformizar a moeda. Para tanto adotaram, entre outros parâmetros, a moeda de prata de cinco francos suíços, de título 900 milésimos, como padrão. Por ocasião da Exposição de Paris em 1867, diversos países aderiram à convenção que pretendia adotar um sistema único de circulação de moeda. O Brasil também resolveu aderir à iniciativa, alterando, por Decreto de 26/9/1867, o título de suas moedas de prata de 2.000 e 1.000 réis de 917 ‰ para 900 ‰ e as de 500 e 200 réis, de 917 ‰ para 835 ‰, ligas mantidas até 1871. A convenção latina, por assim dizer, foi a precursora do Euro. Clique aqui para saber mais.

Cor (her.) — Para poder distinguir as cores com que são desenhadas as armas e brasões, a heráldica (arte intimamente ligada à numismática) convencionou para a gravação de selos, moedas, etc, diversas formas de traçar o metal, de forma a poder identificar as cores dos símbolos de bandeiras, escudos e brasões (consultar o apêndice sobre iniciação à heráldica).
As cores do brasão são denominadas genericamente esmaltes, sendo sua representação caracterizada por determinadas regras e convenções. Dividem-se tradicionalmente em Metais (Ouro e Prata), Cores (Vermelho, Azul, Verde, Negro e Púrpura) e Peles (Arminhos e Veiros).
Alguns autores fazem ainda referência a um esmalte específico, a Carnação, com a cor natural da pele humana. O ouro e a prata podem ser representados como metais, com os reflexos próprios, ou pelas cores amarela e branca, respectivamente. Compete ao artista que ilumina o brasão decidir sobre o tom específico de cada esmalte e as sombras e outros efeitos a aplicar ao desenho, dentro das rígidas regras da composição heráldica. Como regra essencial, não se devem sobrepor metais a metais, nem cores a cores. Por exemplo, não é de “boa heráldica” um brasão com uma cruz de prata sobre campo de ouro, ou com uma cruz vermelha sobre campo azul). Justifica-se tradicionalmente esta regra com uma explicação técnica: quando se pintava um escudo, não se empregavam tintas sobre tintas, para não correr o risco de misturas ou borrões. Outra explicação refere a necessidade de distinguir com rapidez os combatentes numa batalha ou torneio, o que impunha a utilização de cores fortes e contrastadas. As peles podem ser sobrepostas tanto a metais como a cores. Nas duas fileiras da figura acima, a representação do ouro (primeira fila) com sua cor natural ou com o amarelo, e a forma armorial com “salpico” de pontos sobre fundo branco. Mas abaixo (segunda fila), a representação para a prata.
Nota: O escudo era a forma mais eficaz de identificação. Se um cavaleiro se apresentasse apenas com as cores de sua família, poderia ser confundido com outro que usasse as mesmas tonalidades. O mesmo aconteceria com símbolos de nobreza tais como, coroas, elmos, etc., mas os desenhos dos escudos jamais seriam iguais. Eram eles algo semelhante à nossa carteira de identidade, apesar de também poderem representar uma família inteira ou, até mesmo, uma nação. O escudo contém uma ampla gama de significados, cores, figuras e sinais, definidos em sua origem mas, geralmente resultantes de alianças familiares ou territoriais e da combinação das armas de diferentes famílias ou indivíduos.

A identificação perfeita de um brasão só é possível através da utilização das cores. Esse detalhe relevante sempre colocou problemas delicados quando se pretende representar um brasão em lacre ou obreia, por exemplo; para selar documentos, ou em pedra, em túmulos ou fachadas de edifícios. Ainda hoje, muitos dos problemas de identificação de alguns brasões representados nesses tipos de suporte, derivam do desconhecimento dos seus esmaltes e respectivas representações gráficas. Mesmo em numismática, muitos são os colecionadores (em particular os iniciantes) que desconhecem essas associações. É importante conhecê-las para saber, por exemplo, quando num determinado catálogo, o autor faz referência ao vermelho do escudo, que nesse particular caso é o campo determinado pelos traços verticais.
Ao lado, a partir de cima, alguns exemplos, com as respectivas representações gráficas, à direita.
VERMELHO: Também designado por sangue, sanguinho, GULES ou rubi, é representado por um campo vermelho pleno. Em armorial, vem representado por um campo de traços verticais.
AZUL: Celeste, BLAU ou safira. Representado por um campo azul pleno. Em armoriais, representa-se por um campo de traços horizontais.
VERDE: SINOPLE ou esmeralda. Representado por um campo de traços oblíquos inclinados à esquerda.
NEGRO: Preto ou SABLE. Representado por um campo de negro pleno. Quando em armoriais, representa-se por um campo quadriculado.
PÚRPURA: JACINTO ou ametista. Representado por um campo de lilás pleno. Quando em armorial, representa-se por um campo de linhas oblíquas à direita.
Com o passar dos séculos foram incluídos outros esmaltes, tais como o Orange, o Vinho, o Escarlate e o Marrom.

Cor do ouro — A cor amarela do ouro puro varia de acordo com a liga metálica. O ouro natural com que eram cunhadas as moedas brasileiras era de cor amarelo laranja com conteúdo de 917 ‰ de AU e 83 ‰ de AR (prata), CU (cobre), impurezas e outros metais como o paládio, em pequena quantidade. Na página seguinte o leitor irá encontrar uma tabela com as principais ligas metálicas do ouro, associadas à sua cor.

Cordão — Fio de pontos ou traços colocado na orla muito próximo ao bordo, geralmente confundido com o colar.

Coroa — Distintivo de soberania ou de nobreza, destinado a ornar a cabeça. As coroas reais e imperiais foram reproduzidas nas moedas brasileiras, com feitios variados. Para a numismática brasileira, a divisão importante é feita da seguinte forma:
  • Coroa Grande, também denominada como Alta ou Larga.
  • Coroa Média, um tipo intermediário e
  • Coroa Pequena, também denominada de Baixa ou Estreita.
  • Variedades que aparecem em 1695/96 e posteriormente de 1778 a 1803. Há ainda, nas moedas de ouro de D. João V, e mesmo ainda depois deste soberano, dois tipos de coroa, conhecidas como Maior e Menor, mas pouco citada, não merecendo até o momento classificação especial. Consultar o apêndice de nomenclatura ao final deste volume.

A precursora da coroa no Ocidente foi uma fita chamada diadema, usada pelos imperadores persas aquemênidas, adotada em seguida por Constantino o Grande, e utilizada por todos os imperadores romanos subsequentes. Na tradição cristã das culturas bizantina e européia, nas quais a aprovação eclesiástica sanciona o poder monárquico, realiza-se uma cerimônia de coroação, ocasião em que um sacerdote apõe o ornamento sobre a cabeça do novo monarca. Autoridades eclesiásticas, cardeais e mesmo os bispos usam, em cerimônias especiais, a mitra, forma estilizada da coroa tradicional. A tiara papal, a mais nobre das coroas, é atributo exclusivo do Soberano Pontífice.  Até o século XI não havia uma regra, um padrão para o formato das coroas, o que se pode constatar nas próprias representações murais e outras manifestações artísticas daquele período. A coroa aberta foi usada até D. Sebastião, ocasião em que o monarca português passou a usar a coroa fechada. Aparece encimada por um simples arco e, mais tarde, por arcos (hastes) de curvatura dupla, terminando por se consagrar como a forma definitiva. O total de arcos variou de 3 a 5, fixando-se em 5 arcos no reinado de D. João V. Nas cunhagens de D. José I, excepcionalmente, elas ainda se apresentam com 4 arcos. Na coroa portuguesa, os florões se acomodam sob uma esfera encimada por cruz (crucífero). Observa-se que em algumas moedas portuguesas, existem coroas cujos florões são em forma de flor-de-liz, mais comum na coroa francesa. Mais tarde, essa representação dos florões foi substituída, definitivamente, pelas folhas de aipo, nas mais diversas dimensões e estilos. De acordo com o título que ostentam - imperadores, reis, príncipes, duques, marqueses, condes, viscondes e barões - cada um possui a sua coroa em formato especial, figurando também nos seus escudos heráldicos. Os centros populacionais, por ordem de importância, sobrepõem uma coroa mural às suas armas. Em Portugal, por lei, a coroa mural deve ser em prata, com 5 (cinco) torres para as cidades, 4 (quatro) para as vilas e 3 (três) para os outros povoados. Já a capital tem sua coroa mural em ouro, com cinco torres, tal qual as coroas das Províncias Ultramarinas.

Coroa (perolagem) - A contagem do número de pérolas da coroa (perolagem) é indicada por 3 pares de números e por um outro valor numérico isolado. O primeiro par de números indica a perolagem dos arcos externos (a)  (esquerdo e direito, respectivamente). A segunda dupla serve para indicar o total de pérolas dos arcos internos (b) esquerdo e direito, respectivamente. O terceiro par de valores, indica o número de pérolas dos arcos intermediários (c), também nessa ordem, esquerdo primeiro e direito por último. O valor isolado serve para indicar o total de pérolas do frontal (d). Vale recordar que os lados esquerdo e direito, no caso, são o do observador e não os da moeda.

Coroado —  Encimado por coroa.

Corpo — Conjunto de figuras que aparecem nas moedas ou medalhas.

Cortado (her.) — Escudo dividido horizontalmente em duas metades, por uma linha traçada entre os meios dos flancos.

Cortados — Pedaços de moedas cortadas à talhadeira e martelo, em países onde havia carência de moeda miúda. Em geral, estes pedaços recebiam uma contramarca.

Cortar (moeda) — Aplicar a “marca ou talho da Lei”, com talhadeira, em moedas de cobre, como sinal de seu recolhimento ou por ter sido constatada como moeda falsa.

Cravada ou cravejada — Moeda cerceada que recebia um rebite de ouro (cravo) junto com contramarca, como forma de compensação, ajustando seu peso ao oficial.

Crucífero — Globo representando a Terra, ornado com uma cruz (ver esfera armilar).

Exemplos de "cruz sobre crucífero"

Cruz — Sagrado símbolo do Cristianismo que aparece encimando as coroas nas moedas ou conjuntamente com a esfera armilar. São dos mais variados tipos e feitios (consultar o apêndice relativo à nomenclatura, ao final desse volume).

Cruzado — Unidade monetária (Cz$).
  1. Nome dado a moeda de 400 Réis em prata.
  2. Nome dado a moeda de 400 Réis do segundo sistema monetário que corresponde à série dos cruzados.
Cruzeiro — Unidade monetária brasileira, que entrou em vigor no ano de 1942. Os primeiros ensaios monetários dessa unidade datam de 1928.

Cruzeta — Em numismática, ornamento usado para destacar datas, letras monetárias ou separar os termos em legendas.

Ct° — Abreviatura de centavo.

Cunhagem — Ato ou efeito de cunhar. Difere de amoedagem que é o processo de fabricação onde se incluem todas as operações com o fim de produzir moeda ou medalha.

Cunho — Peça de ferro gravada para marcar moedas, medalhas, etc.; Tarugo de aço temperado, com superfície gravada em baixo relevo, contendo o desenho de uma das faces da moeda, destinado a transferir em disco de metal, por batida ou pressão, os detalhes nele gravados. Não confundir com punção, cuja gravura é em alto relevo, destinado a produzir os cunhos nas quantidades necessárias.

Cunho (desambiguação) — Termo português usado para designar o reverso da moeda.

Cupro — Relativo a cobre.

Cupro-níquel — Liga moderna, muito dura, de cobre e níquel, resistente ao desgaste e à corrosão.

Fim da letra C - Na próxima semana, a letra D