A árvore do Dinheiro


A Dillenia Indica, introduzida na América do Sul durante o reinado de D. João VI, já era conhecida dos portugueses desde os tempos em que passaram a comercializar com as Índias, antes e durante o período que ficou conhecido como o das grandes navegações. Tem a particularidade das pétalas se fecharem sobre o centro das flores para a formação do fruto; dessa forma, qualquer objeto de pequenas dimensões, colocado na flor da árvore, termina permanecendo no interior do fruto que contém numerosas sementes, envoltas em polpa gelatinosa. As sépalas podem ser comidas cruas, cozidas ou em geléias e sorvetes; os frutos entram na composição do cury e de doces. A árvore nativa do sudeste da Ásia meridional (Índia), fornece madeira de cerne compacto e resistente, própria para construção naval. Suas flores são axilares ou terminais, solitárias, de cor amarela ou alva, aromáticas. O fruto é uma cápsula globosa, pêndula, de pericarpo duro e fino, e circulada pelo cálice, que se torna carnoso. Podem ser facilmente encontradas em São Paulo, no Parque do Ibirapuera ou em frente ao prédio de Engenharia Civil da Escola Politécnica da USP.


Conta-se que o imperador Dom Pedro I, por brincadeira, escondia moedas (patacas) nas flores da Dillenia Indica. Com o tempo as flores se fechavam, mantendo a moeda dentro do fruto. O imperador pegava um desses frutos e o abria diante de todos, dizendo que no Brasil o dinheiro nascia até em árvores. Assim a Dillenia Indica, também conhecida como maçã elefante, passou a ser conhecida como a Árvore das Patacas.
A pataca ainda marca presença na cultura popular de Portugal e do Brasil através da expressão “árvore das patacas”, para fazer menção a “dinheiro fácil”.

Na foto acima, a árvore nativa da Índia e restante da Ásia meridional, conhecida dos portugueses desde o século XVI, introduzida no Brasil por D. João que a trouxe de Portugal por ocasião de sua viagem à Colônia, em 1808. A árvore teve um especial significado para os portugueses que a associavam à riqueza.



Na figura acima, à esquerda e no centro, enquadrados pelo retângulo em vermelho, vêem-se os florões (ornatos em forma de flor) usados como ornamentos na série das patacas (clique na imagem para ampliar). Á direita, a flor da Dilenia Indica, nativa do sudeste da Ásia meridional (Índia), introduzida na América do Sul durante o reinado de D. João VI. A associação da flor da Dillenia à riqueza é evidente, incisa nas moedas em forma de ornamentos.

Glossário:

Pataca: Moeda padrão do primeiro sistema monetário (prata), equivalente a 320 Réis. A origem do nome é controversa, sendo geralmente aceita como patard (moeda francesa), ou pataco, moeda de cobre portuguesa. Alguns autores a consideram derivada do árabe “ABUTACA”. 
Nesse idioma ela se apresenta como “PATAC”. Como “PATARD ou PATAR”, foi pequena moeda de cobre tendo curso em Flandres e na França, onde se empregou como sinônimo de “óbulo” para designar uma moeda sem valor. Alguns numismatas franceses dizem que PATAR pode ser uma corrupção de Peter, forma alemã de Pedro, porque o PATAR de Flandres tem sobre uma das faces a imagem do santo desse nome. Hoffman no seu livro das moedas reais da França até Louis XVI, descreve dois interessantes “PATARDS” de Louis XI (1461-1583). No Brasil, a palavra PATACA foi usada para caracterizar a moeda espanhola de 8 reales que a princípio valia 320 réis. Ficou depois, no sistema provincial, como denominação da peça desse valor. Ensaios de Numismática e Ourivessaria – Mário Barata.